quinta-feira, junho 03, 2021
MARE OF EASTTOWN
Kate Winslet é uma atriz que já mostrou sua grandeza no cinema, em obras como FOGO SAGRADO!, de Jane Campion; FOI APENAS UM SONHO, de Sam Mendes; e RODA GIGANTE, de Woody Allen (para citar apenas três). Mas talvez a televisão - e não o cinema - tenha sido o veículo que melhor captou toda sua força dramatúrgica, e, coincidência ou não, levando o nome de sua personagem no título. Foi ocaso de MILDRED PIERCE, dez anos atrás; e é o caso agora de MARE OF EASTTOWN (2021), minissérie criada e roteirizada por Brad Ingelsby e cujos sete episódios foram todos dirigidos por Craig Zobel, conhecido por títulos como OBEDIÊNCIA (2012) e A CAÇADA (2020).
Nesta nova minissérie, Kate é Mare Sheehan, uma detetive de polícia cheia de feridas abertas. A maior delas é o suicídio do filho, também vítima do vício nas drogas e de tendências suicidas que talvez tenham sido herdadas do pai de Mare. Mas há ainda a separação com o marido, a guarda do neto que talvez lhe seja tirada e, no campo profissional, ela é vista como inapta por não ter conseguido resolver o caso do desaparecimento de uma jovem um ano atrás.
Uma das características de Easttown, cidade pequena no estado da Pensilvânia, é que é um lugar onde todo mundo conhece todo mundo. Meio como Twin Peaks. Ou seja, espaço ótimo para essas séries dramáticas sobre crimes. E aqui há também um outro crime que já acontece no final do primeiro episódio, de uma jovem mãe solo que é encontrada morta pela manhã, próximo ao rio.
A interação de Mare com a família e com os colegas de trabalho são quase sempre com um certo atrito, seja por ela guardar alguma mágoa com a mãe (Jean Smart), seja porque ela tenha que manter um estilo durona por força do ofício. Assim, raramente Mare usa maquiagem (ou pelo menos uma maquiagem mais evidente) e está quase sempre com umas roupas mais “masculinas”. Aliás, é interessante que a própria Kate Winslet reclamou de tentativas do criador da série de esconder suas "imperfeições", tanto nas marcas do tempo no rosto em imagens de divulgação, quanto sua barriga na cena de sexo com Guy Pearce, ator, que esteve também em MILDRED PIERCE. "Don't you dare!", ela disse.
Esse abraçar a maturidade por parte dela tem feito bem demais para a atriz e, ainda que ela continue lindíssima, cada vez mais é pela sua força dramática que agora ela tem sido enaltecida. Já no citado RODA GIGANTE esse elemento da maturidade se provava forte e interessante para a construção de suas personagens.
MARE OF EASTTOWN, por ser uma série mais sobre os dramas de várias famílias de uma cidade pequena, acaba ganhando peso quando as cenas de suspense e de violência enchem a tela. Nesse sentido, o episódio "Illusions", o quinto, é o mais poderoso. No referido episódio, Mare e o detetive Colin Zabel (Evan Peters) acabam indo parar na casa dos sequestradores de garotas. E haja tensão e nervos de aço para chegar até o amargo final. Trata-se de um episódio tão intenso que tudo que vem depois é um tanto inferior. Mas tudo bem, já que a série tem essa preocupação maior em nos convidar a acompanhar Mare, que cada vez mais sente o peso do mundo em seus ombros.
O fato de ela ser uma personagem que é capaz de plantar uma evidência falsa para lutar pelo que ama até ajuda a torná-la mais humana e menos esse espírito da justiça e da verdade que transparece com força no último episódio, quando finalmente se descobre quem matou a moça do primeiro episódio.
No mais, gostei muito de Evan Peters, como o policial parceiro (e meio que apaixonado por ela); Angourie Rice, como a filha atenciosa e que disfarça suas fragilidades; Jean Smart, como a mãe um tanto atrapalhada; e Julianne Nicholson, como a irmã de Mare, que só no final sabemos se tratar de fato da segunda personagem mais importante da minissérie. Sem falar em todos os personagens secundários ao redor, que evidenciam uma América doente, pobre, viciada e cheia de inseguranças.
+ DUAS SÉRIES/MINISSÉRIES
FALCÃO E O SOLDADO INVERNAL (The Falcon and the Winter Soldier)
Depois da inventividade de WANDAVISION, a Marvel cai vários pontos com este trabalho mal desenvolvido sobre dois personagens queridos do Universo Marvel. Há falhas nas cenas de ação, na direção, no uso do sentimentalismo, na música, nos diálogos e até nos destinos de certos personagens (alguém achou legal o que fizeram com a Sharon Carter?). Pra não dizer que não gostei de nada, gostei da discussão sobre racismo que a série traz e também a questão da culpa do personagem de Bucky. Melhor sorte na próxima. Se continuar desse jeito, não sei se verei todas as séries como pretendia.
INVENCÍVEL - PRIMEIRA TEMPORADA (Invincible - Season One)
Já tinha lido elogios a respeito dos quadrinhos de Robert Kirkman (o mesmo criador de The Walking Dead), mas meu primeiro contato com os personagens foi nesta excelente série em animação e desde já uma das melhores do ano. INVENCÍVEL (2021) pega referências de outros tantos super-heróis para a construção de seu universo. O próprio protagonista seria uma espécie de Superboy, o filho do Superman, já que seu pai, o Omni-Man, é um alienígena que mora na Terra há duas décadas e possui poderes imensos. Ainda há outros supers nesse universo também. Mas o que nos ganha é que há também um grau de humanismo nos personagens que aproxima com o estilo Marvel (o Mark tem problemas de adolescente que lembram o Peter Parker). E há também um belo desenvolvimento desses personagens, de modo que nos importemos com eles. E quem mergulhar de cabeça na série achando que é algo inocente, vai ficar em choque logo no final do primeiro episódio. As classificações 16 e 18 anos para os episódios se justificam. Felizmente a segunda temporada já foi aprovada pela Amazon. Ah, e minha personagem favorita é a Eve.
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