quinta-feira, junho 13, 2019

CINCO SÉRIES E DUAS MINISSÉRIES

Em outros tempos eu teria falado com calma de cada uma dessas séries. Até porque todas merecem a nossa atenção. Mesmo aquela que patinou em sua conclusão. Infelizmente, por uma série de motivos que não valem a pena explicar aqui, não estou conseguindo seguir com a mesma regularidade que o blog estava tendo de 2002 a 2017. Assim, para não passar em branco, vamos logo tecer breves comentários sobre séries marcantes vistas recentemente. A primeira delas, pra vocês terem uma ideia, eu terminei de ver no final do ano passado.

THE MARVELOUS MRS. MAISEL – SEGUNDA TEMPORADA (The Marvelous Mrs. Maisel – Season Two)

Esta segunda temporada foi um pouco mais desafiadora que a primeira, que tinha sido só alegria. Nesta, há o desafio (bom) de ver uma série que se interessa ainda mais por questões formais, não só de emular o cinema dos anos 50 e as screwball comedies, mas também de brincar com o cenário de maneira inventiva. Sem falar nas cores vivas e lindas. Mas o que pega mesmo é o drama dos personagens, que se intensifica. O drama prevalece sobre a comédia agora, e os personagens coadjuvantes ganham mais espaço já no começo. Caso dos pais de Midge (Rachel Brosnahan), na série de episódios que se passam em Paris. Mas o que me fez gostar mesmo desta nova temporada foi a questão da dor dos personagens, cada um deles com um problemão pra enfrentar. A cena final é lindíssima, de tão tocante. É ver o que vem por aí na próxima. Episódio de destaque: “We’re Going to Catskills!” que mostra Midge e sua família indo para uma espécie de colônia de férias para famílias. No mínimo, curioso. Ano: 2018. Criadora: Amy Sherman-Palladino. Canal: Amazon.

BONECA RUSSA – PRIMEIRA TEMPORADA (Russian Doll – Season One)

Gosto muito da série a partir da metade, quando aparece um personagem importante. Até então, demorei a simpatizar com a heroína, mais parecida com uma versão feminina de Joe Pesci em OS BONS COMPANHEIROS. Mas os momentos brilhantes compensam e quase tornam a série ótima. Uma pena que eu não tenha me entusiasmado tanto, a não ser nos momentos em que as brincadeiras de paradoxo temporal o tornam diferente das cópias de FEITIÇO DO TEMPO. No mais, a história melhora quando muda de ponto de vista e surge certo personagem masculino. Curioso o fato de a temporada ser tão redondinha. Não consigo imaginar uma segunda temporada. Episódio de destaque: “Alan’s Routine”, justamente o que muda o foco da ação de Nadia para Alan. Ano: 2019. Criadoras: Lesley Headland, Natasha Lyonne e Amy Poehler. Canal: Netflix.

TRUE DETECTIVE – A TERCEIRA TEMPORADA COMPLETA (True Detective – The Complete Third Season)

A terceira temporada de TRUE DETECTIVE começa um tanto morna, mas vai melhorando a partir do terceiro episódio, quando as três linhas temporais passam a ser brilhantemente trabalhadas e ganham força, principalmente quando a série parece estar mais interessada na psicologia de seus personagens do que na trama de mistério, que desde o começo parece pouco envolvente, até por contar apenas com o caso de um garoto morto e uma garota desaparecida. Isso não deixa de ser uma tragédia, mas para uma série o que conta é o fato de isso se estender por tanto tempo (1979-1990-dias atuais). Incomoda um pouco certas coisas serem tão óbvias que os detetives deixaram passar. Curiosamente, os episódios mais fracos são os dirigidos por Daniel Sackheim, que dirigiu os primeiros e os últimos. Os dirigidos pelo criador da série são os melhores. Não sei se depois desta temporada a franquia vai contar com um quarto ano. Episódio que se destaca: “Now Am Found”, que lida mais dramaticamente com a situação de perda de memória na velhice de Wayne (Mahershala Ali). Ano: 2019. Criador: Nic Pizzolatto. Canal: HBO.

GAME OF THRONES - A OITAVA TEMPORADA COMPLETA (Game of Thrones – The Complete Eighth Season)

Não há como negar a influência e a força de GAME OF THRONES ao longo desta década. Foi a série mais popular e mais querida, mas aos poucos foi se tornando a mais frustrante, devido aos rumos que foi tomando à medida que se aproximava de sua conclusão. A sétima temporada já apontava para algo mais desleixado e embora o final da série tenha trazido algumas surpresas (não necessariamente boas, mas ao menos são surpresas), o final é desapontador, ficando um gosto azedo e a falta de vontade de nunca mais voltar à série. Até a Peter Dinklage foi dado um monólogo ruim no episódio final. Perderam a chance de criar um clássico. Ainda assim, são de Dinklage os melhores momentos da temporada, como quando ele sofre com a possibilidade de trair sua rainha; ou quando ele abraça o irmão Jaime, dizendo que ele foi o único na família que não o considerou um monstro. Episódio de destaque: “The Last of the Starks”, uma espécie de episódio de respiro e em quatro paredes, dando espaço para conversas à fogueira dos personagens sobreviventes à batalha da noite anterior. Canal: HBO. Ano: 2019. Criadores: David Benioff e D.B. Weiss. Canal: HBO.

FLEABAG – PRIMEIRA TEMPORADA (Fleabag – Season One)

Depois do hype dentro do círculo de críticos e apreciadores mais exigentes de séries, fui lá conferir a primeira temporada de FLEABAG, que nem sabia que existia até um dia desses. Sempre bom ter a oportunidade de conhecer novos talentos criativos, como é o caso de Phoebe Waller-Bridge, que cria, escreve e atua como protagonista desta série que se esconde como uma comédia com frequência, quando no fundo o que se sente mesmo é muita dor, arrependimento e uma dose de depressão. Em breve vejo a nova temporada. Episódio de destaque: o sexto e último episódio, que traz a revelação do que realmente aconteceu com a querida amiga de Fleabag. Ano: 2016. Criadora: Phoebe Waller-Bridge. Canal: Amazon.

CHERNOBYL

Dessas histórias tão aterradoras e arrepiantes que ficam com a gente até a hora de dormir. Impressionante o quanto a irresponsabilidade pode causar tanto prejuízo (mortes, doenças, perdas de animais, flora, uma cidade inteira). Um dos grandes méritos de CHERNOBYL é nos colocar de cara com a noite da explosão, para depois ver o horror só aumentando, e ao final ter aquela sensação de que ao menos algumas pessoas fizeram algo de bom para que aquilo não se repetisse. Episódio marcante: “Open Wide, O Earth”, que mostra os planos de Valery (Jared Harris) para descontaminar Chernobyl. Perturbador é pouco! Ano: 2019. Criador: Craig Mazin. Canal: HBO.

A VERY ENGLISH SCANDAL

Uma das coisas bacanas do Globo de Ouro é fazer com que eu me interesse por certas produções televisivas. No caso desta aqui, só em ter a presença de Hugh Grant, um de meus astros favoritos, já era motivo mais do que suficiente. Saber que se trata de uma ótima minissérie, então, melhor ainda. O formato em três episódios, característica das minisséries britânicas, funciona bem e a história é de fato fascinante. No campo das atuações, nunca vi Grant tão bem. Pena não ter levado o prêmio de melhor ator. A cena dele tentando desconversar sobre sua vida dupla com a segunda esposa é de dar dó. Mesmo sendo uma espécie de vilão, por assim dizer. Talvez seja o melhor trabalho de Frears na direção desde CHÉRI (2009). No mais, lembremos que seus primeiros sucessos para cinema abordavam a questão da homossexualidade, MINHA ADORÁVEL LAVANDERIA (1985) e O AMOR NÃO TEM SEXO (1987). Ano: 2018. Direção: Stephen Frears. Canal: Amazon.

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