domingo, dezembro 06, 2015

O PRESENTE (The Gift)



Quando muitos já estão fechando suas listas de melhores do ano de 2015, ainda é possível encontrar surpresas inimagináveis entrando no circuito, como este O PRESENTE (2015), estreia na direção em longa-metragem do ator Joel Edgerton, que recentemente se destacou como o policial corrupto de ALIANÇA DO CRIME. Seu primeiro longa é um trabalho aparentemente muito simples no conteúdo, embora mais à frente vejamos se tratar de uma obra mais ambiciosa. Mas o importante é o cuidado com que Edgerton tece a história e conduz a tensão.

Na trama, Rebecca Hall e Jason Bateman são Robyn e Simon, um jovem casal de mudança para uma cidade nova que é cumprimentado por um estranho, Gordon (Edgerton), um sujeito que já foi colega de escola de Simon, que demora a reconhecê-lo neste encontro. Gordon, ou Gordo, como era conhecido na escola, descobre facilmente onde o casal mora e passa a dar-lhes presentes e a visitá-los, embora fique no ar sempre uma sensação de desconforto com sua presença.

A primeira metade de O PRESENTE lembra PACTO SINISTRO, de Alfred Hitchcock, por apresentar um personagem estranho e que ameaça a paz do casal. Mas nem tudo é preto no branco, como veremos mais adiante, já que a Robyn sofreu recentemente algo parecido com um colapso nervoso, e Simon não é esse exemplo de homem íntegro e bondoso.

Na verdade, sem querer entregar muito da trama e já entregando um pouco, um dos grandes méritos de O PRESENTE é também lidar com um assunto que vem sendo discutido bastante atualmente, a questão do bullying, e no quanto isto é capaz de mexer com a cabeça de alguém. Isso faz com que o trabalho de Edgerton transcenda o tradicional filme de psicopata, trazendo tons de cinza para os personagens.

Por outro lado, esse detalhe não seria tão significante se O PRESENTE não nos deixasse tensos, assustados e nos segurando na cadeira em vários momentos, tal a beleza de construção atmosférica que faz do filme um dos melhores exemplares do gênero da atualidade. E o que é impressionante é que o medo é construído apenas por causa de um único homem.

A escolha do elenco também foi muito acertada: tanto Jason Bateman, que tem cara de sujeito de pouca confiança, quanto Rebecca Hall, como mulher bela, adorável e psicologicamente frágil, combinam perfeitamente nos papéis. Edgerton também dá conta do homem estranho, loser e traumatizado.

Poder ver O PRESENTE, com sua linda fotografia em scope, em uma sala de cinema bem decente, com áudio original e som de qualidade, para potencializar os momentos de medo, é uma experiência que nos passa uma sensação de gratidão enorme pelo seu realizador e por todos aqueles que o ajudaram e o influenciaram. Neste caso, nem é preciso fazer trocadilho besta com o título do filme, não é?

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