quarta-feira, dezembro 09, 2015
SEIS FILMES BRASILEIROS MEDIANOS
Quem me conhece sabe o quanto eu sou entusiasta do cinema brasileiro. Mesmo os filmes que já chegam queimados pela crítica ou por boa parte dos amigos eu prefiro dá-los uma chance e acreditar que terão algo que me agradarão. E de fato têm. Eu tenho muito mais prazer em ver um filme mediano ou mesmo ruim produzido no Brasil do que um filme apenas razoavelmente bom produzido por nossos hermanos, por exemplo, por mais que isso possa parecer preconceito da minha parte. Por isso, vamos aos filmes medianos, mas que têm algo a oferecer.
O ÚLTIMO CINE DRIVE-IN
Vendido como o nosso CINEMA PARADISO, O ÚLTIMO CINE DRIVE-IN (2015), de Iberê Carvalho, é uma sucessão de tentativas. Não sabe nem mesmo aproveitar um gigante como Othon Bastos no elenco. No mais, não deixa de ser simpático, se não esperarmos muito. Na trama, jovem de nome Marlonbrando (Breno Nina) retorna a Brasília para acompanhar a mãe que está com câncer. Acaba visitando o pai (Bastos), que ainda mantém um caquético e abandonado cine drive-in (o último do Brasil). A ideia de Marlonbrando é de reformar o lugar e trazer a mãe para reviver os bons momentos do passado. Pena que o filme não seja suficientemente emotivo, embora a gente perceba que ele intenciona ser.
OBRA
Caso de filme mais interessante do que realmente bom, OBRA (2014), de Gregorio Graziosi, se destaca pela bela fotografia em preto e branco e pela interpretação sempre bem-vinda de Irandhir Santos. Ele interpreta um arquiteto que está prestes a ter o seu primeiro filho. Ele fica incomodado ao encontrar uma ossada na obra que está prestes a iniciar em São Paulo. Quer saber de quem são aqueles ossos, procura saber do pai, e é perturbado por um mestre de obras. Cada vez mais a tensão que ele sente na nuca aumenta e o filme segue rumos confusos e arrastados. Esse andamento acaba prejudicando um pouco, mas o filme tem o seu encanto.
ENTRANDO NUMA ROUBADA
André Moraes é um músico que estreia na direção de longas-metragens com ENTRANDO NUMA ROUBADA (2015), que até que começa bem, mas para seguir a cartilha dos filmes com câmera na mão estilo found footage é preciso pelo menos esconder a picaretagem. No caso deste suspense estrelado por Deborah Secco e Júlio Andrade, entre outros, ficamos sem entender quem está filmando o quê. Passa a impressão de que eles esquecem esse detalhe e adotam um narrador onisciente. Na trama, jovem ator ganha prêmio e chama antigo grupo para participar de um filme envolvendo assaltos a postos de gasolina. A diferença é que os assaltos e as perseguições são de verdade, ainda que boa parte do elenco não saiba disso.
OPERAÇÕES ESPECIAIS
Como atualmente temos poucos filmes policiais decentes no Brasil, até que OPERAÇÕES ESPECIAIS (2015), de Tomás Portella, é um exemplar bem-vindo. O filme aborda os primeiros dias de uma moça recém-aprovada em concurso da polícia civil (Cléo Pires) e que já tem que trabalhar em ação em uma cidade do interior do Rio de Janeiro, logo após os conflitos no Complexo do Alemão, em 2010. Lá chegando, ela tem que enfrentar o medo da morte no dia a dia, o preconceito dos colegas com uma mulher como policial e também a questão da corrupção na instituição. É bastante coisa, mas até que Portella se sai bem e o resultado é pelo menos agradável e divertido de acompanhar, com algumas cenas de ação empolgantes.
DEPOIS DE TUDO
Alternando entre a década de 1980 e os dias atuais, DEPOIS DE TUDO (2015), de João Araújo, aborda a amizade desfeita entre Ney e Marcos (Marcelo Cerrado e Otávio Müller, nas versões maduras). Eles eram melhores amigos no passado, quando Marcos namorava Bebel (Maria Casadevall), mas certo dia um acidente os separa. Entre esse vácuo temporal, ficamos sabendo os destinos futuros dos personagens, enquanto a montagem alterna o passado e vamos descobrindo aos poucos o que realmente aconteceu. Mesmo quem não gosta do filme, mas gosta da Legião Urbana, vale ver a defesa apaixonada da sensacional “Soldados”, e principalmente ficar até os créditos finais e poder ouvir, no cinema, a canção integralmente.
A FLORESTA QUE SE MOVE
No intervalo aproximado de um mês dois filmes de Vinícius Coimbra chegaram aos cinemas. O novo A FLORESTA QUE SE MOVE (2015) e outro que há anos estava com problemas de liberação, A HORA E A VEZ DE AUGUSTO MATRAGA (2011), um trabalho superior e que deixaremos para comentar outra hora. Quanto ao thriller baseado na peça Macbeth, de William Shakespeare, é uma obra cheia de problemas, mas é agradável de ver, mesmo assim. Sem falar que todo o aspecto sangrento da tragédia está presente nesta versão, estrelada por Gabriel Braga Nunes e Ana Paula Arósio. Ele é um alto executivo de um banco que recebe uma promoção no emprego, uma promoção que havia sido prevista por uma mulher misteriosa. Arósio é a esposa ambiciosa que acredita que é possível até mesmo matar para conseguir aquilo que tanto almeja. Como era de se esperar, as coisas não poderiam sair piores para ambos.
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