quarta-feira, abril 20, 2011

PÂNICO 4 (Scream 4)



Onze anos bastam para percebermos a ação do tempo, tanto nos atores quanto nos hábitos. PÂNICO 4 (2011) é tanto uma revitalização da franquia para as novas gerações, quanto um convite àqueles que acompanharam nos anos 1990 as desventuras de Sidney (Neve Campbell), sempre atacada por uma criatura vestida de preto e com um rosto de fantasma, pronta para esfaquear a próxima vítima. Wes Craven já havia se mostrado um mestre da metalinguagem ao brincar com seu personagem mais famoso em O NOVO PESADELO: O RETORNO DE FREDDY KRUEGER (1994) e dessa vez ele novamente se utiliza de sua arma mais forte, a esperteza, para tornar um trabalho que poderia ser repetitivo e enfadonho em algo inteligente.

Se o primeiro PÂNICO (1996) já era carregado de ironia com relação aos clichês dos filmes de horror - o que acabou gerando outros filhotes bastardos na mesma época e mesmo comédias-pastelão como TODO MUNDO EM PÂNICO -, o que dizer deste novo exemplar, que já começa com uma brincadeira em torno das tradicionais ligações do assassino de voz assustadora para suas vítimas? O prólogo fala por si só, mas seria um mero aperitivo se o filme não fosse suficientemente inteligente para atualizar a franquia.

Porém, na verdade, pouca coisa muda e em alguns momentos a sensação de déjà vu até incomoda, já que não há sustos de verdade. O que salva é a agilidade de Craven na condução da trama, bem como o retorno de Kevin Williamson ao comando do roteiro. Conta pontos também rever o trio principal – Neve Campbell, David Arquette e Courtney Cox –, mesmo que para ver a ação do tempo, nem sempre generoso. Esses três andaram um pouco sumidos das telas e quando voltaram não parecem ter tanta força assim. Por isso a necessidade de um elenco de apoio composto por adolescentes, tanto para servir de alvo para o maníaco misterioso, quanto para dar um gás ao filme. Daí as presenças de Emma Roberts e Hayden Panettiere e as participações especiais de Kristen Bell e Anna Paquin.

Quanto à violência, ela parece leve para uma geração já acostumada a filmes como JOGOS MORTAIS (que é a principal citação dentre os filmes de horror do novo milênio). As próprias meninas do filme são tão insensíveis à violência quanto os garotos, como pode-se ver na cena em que duas delas estão deitadas na cama gargalhando ao ver as cenas gory de TODO MUNDO QUASE MORTO. E isso é mais um sintoma dos novos tempos.

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