quarta-feira, março 03, 2010

UM SONHO POSSÍVEL (The Blind Side)























Não deve ter sido muito bom para a Academia ter mudado o número de indicados à categoria principal justo num momento em que a safra de filmes é tão fraca. Se normalmente apenas dois dentre os cinco indicados a melhor filme chegavam mesmo a ser ótimos, essa diferença se torna ainda mais evidente quando se tem dez títulos. E os dramas, aqueles com mais cara de Oscar mesmo, estão muito aquém, em qualidade, da média normalmente vista. Não faz muito tempo que os primeiros meses do ano estavam entre os melhores em quantidade de ótimos lançamentos no circuito. Neste ano, porém, a situação não é das melhores. Mas diante desse quadro ainda é possível ver algo de bom. No caso de UM SONHO POSSÍVEL (2009), está o desempenho de Sandra Bullock, que aos poucos está conquistando o respeito de votantes e crítica.

Sempre gostei muito de Bullock. Foi a partir da comédia romântica ENQUANTO VOCÊ DORMIA que eu passei a prestar mais atenção nela. Sua filmografia é bem irregular, mas mesmo em filmes menores, ela frequentemente se destaca, mostra o que torna uma pessoa normal em estrela. Algo que vai além da beleza física. Em UM SONHO POSSÍVEL ela está ótima, como uma mulher que resolve cuidar de um enorme rapaz negro que não tem onde morar e está se esforçando para continuar numa escola, apesar de suas notas baixas e da dificuldade de se comunicar com os demais alunos e com os professores.

A história de alguém que foi sempre rejeitado pela sociedade, que só conheceu o sofrimento e que encontra enfim amor e conforto tem como seu melhor representante O HOMEM ELEFANTE, de David Lynch. A semelhança me ocorreu na cena em que Big Mike ganha um quarto, que é pra mim o momento mais emocionante do filme. Principalmente pela interpretação contida de Sandra Bullock, que quer se mostrar durona e sempre sai de cena quando os canais lacrimais parecem querer entrar em ação.

UM SONHO POSSÍVEL também pode ser categorizado como "filme de esporte", já que há muitas cenas envolvendo futebol americano. Muito do filme, aliás, é bem próprio da cultura americana, como os nomes dos times, das universidades e o fato de a protagonista ser republicana e a personagem de Kathy Bates, democrata. O filme até nada contra a corrente, pintando uma visão bem mais simpática dos republicanos. Não chega a ser um bom filme, mas também não aborrece. O problema está principalmente no fato de todos da família que adota o rapaz não apresentarem nenhuma resistência a aceitar o estranho na família, o que me pareceu inverossímil, embora seja baseado em fatos reais. Fica parecendo mais filme indicado para se ver em escolas, para formação de um cidadão melhor.

Vi o filme antes da estreia nos cinemas como forma de protesto. Sua estreia está marcada para o dia 19 de fevereiro, duas semanas depois da cerimônia de entrega do Oscar.

UM SONHO POSSÍVEL foi indicado a dois prêmios da Academia: filme e atriz.

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