terça-feira, dezembro 23, 2008

CREPÚSCULO (Twilight)



Uma bela surpresa e o maior lançamento da história da distribuidora Paris Filmes, CREPÚSCULO (2008) conta uma estória de amor entre um vampiro e uma humana. A criadora do romance que deu origem ao filme, Stephenie Meyer, de apenas 34 anos, já se tornou milionária e já está providenciando o quarto livro da série. Trata-se de uma abordagem mais feminina da mitologia dos vampiros. Por mais que Anne Rice tenha popularizado e trazido uma nova luz para o vampirismo na literatura, fracassou em sua incursão para o cinema, tendo gerado apenas um sucesso: ENTREVISTA COM O VAMPIRO – A RAINHA DOS CONDENADOS foi um grande fracasso. Mas nos anos 90, as franquias em torno de livros infantis ou direcionados aos adolescentes ainda não estavam na moda. Além do mais, os vampiros de Anne Rice eram adultos e sangrentos demais, não tendo tanto potencial para levar os mais jovens aos cinemas. Com "Crepúsculo", a autora atingiu um grande público, especialmente o feminino, e a adaptação para cinema, também capitaneada por uma mulher, a cineasta Catherine Hardwicke, de AOS TREZE (2003), segue igualmente essa linha, embora também deva agradar aos rapazes, já que há um cuidado dos envolvidos na produção para não carregar nas tintas românticas e não tornar o filme demasiado açucarado. O resultado é uma estória de amor com um misto de aventura e terror feita no ponto.

Entre as inovações dos vampiros de Meyer está o fato de eles não dormirem em caixões, não terem medo de crucifixos e de alho e andarem durante o dia, embora prefiram cidades que estejam sempre nubladas, como é o caso da cidadezinha no estado de Washington, onde é ambientada a trama. O início do filme já instiga, com a voz em off da protagonista Bella Swan, interpretada por Kristen Stewart, cada vez mais bela, agora nos seus dezoito aninhos. Na narração, ela fala sobre morrer por alguém que ama e já sabendo tratar-se de uma estória de vampiros, já se pode imaginar o que pode acontecer com ela. Essa narração adianta uma cena que acontecerá numa seqüência-chave do filme. Ela fala que, ao morrer, uma das coisas que mais sentirá falta será do calor de seu corpo.

A jovem Bella Swan está passando por uma fase de mudanças em sua vida, ao optar por mudar-se para a cidadezinha onde seu pai mora e distanciar-se da mãe e do padrasto. Como toda cidade pequena, as notícias se espalham rapidamente e logo a chegada de Bella à cidade e à escola desperta a atenção de todos. Ela se sente incomodada com tamanha receptividade e quem mais lhe chama a atenção na escola é um jovem pálido que faz parte de uma família de outros jovens pálidos e que se comportam de maneira estranha. Trata-se de Edward Cullen (Robert Pattinson) e seus irmãos, filhos adotivos do médico da cidade, que também conta com uma palidez que só não é mais estranha do que a completa naturalidade com que a população da cidade lida com sua presença.

Logo o envolvimento - a princípio, desengonçado - entre Bella e Edward se torna de fácil identificação para quem já foi adolescente um dia. A atração perigosa entre os dois jovens desperta um certo fascínio, pois há um ar de transgressão no fato de a jovem estar sendo atraída pelo lado sombrio. Tanto o esforço do rapaz para não perder o controle e beber o sangue da garota por quem se apaixonou quanto a completa entrega da jovem, com o amor vencendo o medo, tornam-se a mola propulsora do filme, embora não faltem momentos de suspense, especialmente perto do final, que deixa um pequeno gancho para a continuação, LUA NOVA, a ser dirigida por Chris Weitz, e prevista para o próximo ano. CREPÚSCULO encerra ao som de "15 step", do Radiohead, e o que se pode dizer é que o filme saiu melhor do que a encomenda. Espera-se que a continuação esteja à altura do original.

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