domingo, julho 08, 2007

A NOIVA ESTAVA DE PRETO (La Mariée Était en Noir / La Sposa in Nero)



Paralelamente à minha peregrinação por John Ford, sempre que posso vejo um filme de Truffaut que seja inédito pra mim para que eu possa ler com mais prazer o livro de entrevistas "O Cinema Segundo François Truffaut". E por falar em grandes livros, ontem, justamente no dia do meu aniversário, chegou o meu exemplar de "Meu Último Suspiro", de Luis Buñuel, um dos meus cineastas favoritos. O livro está fora de catálogo e o encontrei num sebo virtual, graças à ajuda do amigo Marcelo Reis. Está usado mas em ótimo estado. Mas voltemos a Truffaut.

Chegamos, então, neste A NOIVA ESTAVA DE PRETO (1968), que é talvez o filme que eu menos gostei do diretor. O filme é uma adaptação de um romance noir que Truffaut leu na adolescência, escondido da mãe. Curiosamente, o cineasta falou numa entrevista que esse é o filme de que ele menos gosta. Pra mim, ficou parecendo um KILL BILL de quinta categoria, totalmente destituído de emoção e encantamento. Se há uma qualidade no filme é a facilidade de ele ser acompanhado pela própria premissa, extremamente simples. Se bem que isso não é lá uma boa qualidade, já que excesso de simplicidade às vezes pode significar preguiça, burrice. Claro que em se tratando de Truffaut as coisas podem não ser tão simples quanto aparentam, mas, mesmo assim, senti falta de algo que me deixasse minimamente intrigado.

Outra coisa que eu não gostei foi do desempenho de Jeanne Moreau, atriz que eu descobri não simpatizar durante a revisão de JULES E JIM (1962). Mas se no filme dos dois amigos cornos, ela pelo menos era simpática e interessante, em A NOIVA ESTAVA DE PRETO, Moreau, sem dar um sorriso sequer, parece mais um Charles Bronson de saias. Ok, melhor não pensar muito num Charles Bronson de saias pra não se ter um pesadelo, mas o que eu quis dizer é que Moreau tem uma expressão excessivamente rude em seu rosto, potencializada pelo papel. No filme, ela é uma mulher cujo noivo morreu baleado no dia do seu casamento. Anos depois, ela descobre o grupo responsável pela morte do marido e sai à procura de cada um deles, como um anjo da vingança. Assim, ela seduz e mata cada um dos homens de maneira diferente. Talvez pra não ficar entediada. Ou talvez para que o espectador não fique entendiado, o que acaba sendo difícil de evitar. Felizmente, no mesmo ano, Truffaut pôde se redimir com o maravilhoso BEIJOS PROIBIDOS (1968), esse sim, estrelado por uma musa deslumbrante: Claude Jade. Que me desculpem os fãs de Jeanne Moreau.

P.S.: Saiu a nova edição da Revista Paisà, infelizmente apenas em formato digital. A vantagem é que agora ela está à disposição de todos que queiram. Um dos grandes destaques dessa edição é o top 20 de filmes nacionais, comentado por vários colaboradores da revista. É cada filme essencial que eu ainda não vi... Também vale destacar a filmografia comentada de Alain Resnais, por ocasião do lançamento de MEDOS PRIVADOS EM LUGARES PÚBLICOS.

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