sexta-feira, julho 06, 2007

FOMOS OS SACRIFICADOS (They Were Expendable)



FOMOS OS SACRIFICADOS (1945) foi o primeiro filme que Ford dirigiu depois de voltar da Segunda Guerra Mundial, quando recebeu a comissão de Tenente-Comandante da Reserva Naval. Ele tinha, portanto, experiência de sobra para dirigir esse drama sobre a ação das lanchas-torpedeiras no conflito contra os japoneses no Pacífico, que se seguiu logo após o ataque à base de Pearl Harbor, em 7 de dezembro de 1941. Estrelando o filme, ao lado de John Wayne, Robert Montgomery, que assim como Ford, é creditado com sua patente de oficial da marinha. Também no elenco, como coadjuvante, uma espécie de "ator-fetiche" dos filmes de Ford, o rude e simpático Ward Bond. Já o vi em tantos filmes de Ford que eu já suspeito que ele seja o ator que mais apareceu em filmes do diretor, mas acho que é só impressão minha. O par romântico de John Wayne é Donna Reed, no papel da enfermeira Sandy Davis.

O filme é narrado sempre pelo ponto de vista dos americanos e não vemos o rosto dos japoneses nas cenas de batalha. A cena de ação mais empolgante é aquela que mostra os americanos lançando torpedos nos barcos inimigos à noite. Há quem diga que o filme tem pouca ação, mas só fala isso quem não conhece John Ford e sua preferência pelo aprofundamento dos personagens. E isso se dá em cenas mais calmas, de muita conversa e momentos mais intimistas. Pena que eu vi o filme com legendas em espanhol, as únicas que eu encontrei. Ainda bem que FOMOS OS SACRIFICADOS não tem tantas falas quanto O LONGO CAMINHO DE VOLTA (1940), que até por ser baseado numa peça, é mais dependente dos diálogos.

Interessante notar o tom solene do filme desde os créditos iniciais, homenageando o heroísmo dos combatentes. FOMOS OS SACRIFICADOS é um tributo a uma campanha perdida, quando os japoneses entravam com força total nas ilhas do Pacífico e muitos americanos morreram ou se feriram no combate. Inclusive, tem uma cena bastante comovente de um dos soldados feridos no hospital pedindo para o personagem de Montgomery levar cartas de despedida para seus familiares. Diferente de outros filmes de guerra mais recentes, em nenhum momento de FOMOS OS SACRIFICADOS os homens são tratados como vítimas, mas como heróis, como homens honrados que tiveram a glória de lutar pelo seu país. O hino da batalha da república ("Glory! Glory! Hallelujah!...) é constantemente usado em seqüências arrepiantes de preparação para a batalha e que passam com força o sentimento de patriotismo. Nunca vi nada parecido antes. Sem dúvida, um dos melhores trabalhos de Ford.

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