quinta-feira, julho 05, 2007
UM CASAMENTO PERFEITO (Le Beau Marriage)
Hoje eu fui acometido por uma tristeza e uma angústia tão grande que eu já estou torcendo pra que essa quinta-feira passe rápido. Acho que por baixo desse meu pessimismo machadiano, ainda existe um pouco de otimismo, já que eu costumo acreditar que o dia seguinte sempre pode ser melhor. Aliás, quem sabe até à noite eu já esteja me sentindo bem. Geralmente a aproximação do dia do meu aniversário me deixa assim, mas tenho a impressão que isso tem piorado à medida que os anos vão se passando. Talvez isso tudo seja fruto das inúmeras frustrações, da minha sensação de impotência em não conseguir construir o meu próprio caminho. Na maioria das vezes, pequenas ligações que eu faço tentando construir novas amizades, novos relacionamentos, simplesmente não funcionam. É como se eu tivesse que me contentar com o que Deus, o acaso, o universo ou os planetas me oferecem. Tenho inveja daqueles que se sentem donos de seu próprio destino. Só que essas pessoas que se acham capazes de mudar o próprio futuro apenas com a força de vontade às vezes acabam quebrando a cara e sofrendo pra caramba. Ah, mas quem não sofre?
No filme, UM CASAMENTO PERFEITO (1982), de Eric Rohmer, temos o caso de Sabine - Béatrice Romand, de CONTO DE OUTONO (1998) -, uma moça insatisfeita com o atual relacionamento. De uma hora pra outra ela larga o namorado, que de vez em quando precisa dar assistência aos seus filhos, fruto de um casamento que não deu certo, e resolve encontrar alguém para casar. Seu desejo é conhecer um homem, que haja paixão recíproca entre eles e que ele sinta vontade de casar com ela. Sua melhor amiga é Clarisse - Arielle Dombasle, a loira gostosa de PAULINE NA PRAIA (1983). E Clarisse lhe apresenta o seu primo, por quem ela se apaixona. E Sabine é doida e excessivamente otimista o suficiente para começar a falar pra todo mundo que vai se casar e que já sabe com quem. Acontece que o sujeito não dá a mínima pra ela e fica o tempo todo se esquivando dos encontros.
Como é comum nos filmes de Rohmer, suas personagens - em sua maioria, mulheres - vivem angustiadas e ansiosas para mudarem suas vidas para melhor. Uma das imagens mais recorrentes nos seus filmes é ver essas mulheres caminhando pelas ruas. O tempo urge e é preciso sempre tomar uma iniciativa. Ficar parado é que não pode. UM CASAMENTO PERFEITO é também um dos filmes de Rohmer que melhor retratam a sua época, no caso o início dos anos 80 - a new wave e aqueles cabelos e roupas horrorosos.
Não vou dizer aqui se Sabine consegue ou não se casar - quem quiser que alugue o DVD e assista - mas acredito que quando procuramos com vontade e determinação por algo, pode até ser que não consigamos exatamente aquilo que queremos, mas o caminho percorrido não será em vão. Preciso pensar nisso mais vezes.
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