segunda-feira, julho 09, 2007

PATO FU - TODA CURA PARA TODO MAL



Vendo hoje os extras do dvd PATO FU - TODA CURA PARA TODO MAL (2007) deu vontade de escrever a respeito, ainda que eu não tenha o hábito de escrever sobre vídeos musicais para o blog. A vontade aumentou enquanto eu ouvia agora há pouco, no carro, GOL DE QUEM? (1995), o clássico segundo álbum deles. Se alguém me perguntasse hoje qual a melhor banda brasileira da atualidade, eu responderia, sem pestanejar: Pato Fu. Esse grupo de Belo Horizonte me conquistou há mais de dez anos e é uma das poucas bandas que me fazem gastar dinheiro com cds em tempos de decadência da indústria fonográfica. E o mais recente álbum da banda, TODA CURA PARA TODO MAL (2005), talvez seja o melhor trabalho da banda de John Ulhoa, Fernanda Takai e cia.

Desde TELEVISÃO DE CACHORRO (1998) já se notava que a melancolia estava substituindo aos poucos a molecagem, o espírito de brincadeira que a banda tanto preza desde os primeiros discos - basta lembrar de "Pinga", de "Qualquer Bobagem", da cover de "A volta do boêmio", da música dos Flintstones ou das loucuras do primeiro disco. John deve ter percebido o seu incrível poder de criar baladas de intensa força emocional e do quanto essas canções se revestem de delicadeza na frágil e bela voz de Fernanda Takai. Às vezes, por exemplo, eu não consigo evitar de me emocionar quando escuto "Canção pra você viver mais", faixa que faz parte de um momento especial de minha vida. Mas mesmo faixas que não resgatam lembranças de meu baú de memórias também me emocionam.

Em TODA CURA PARA TODO MAL, disco que o próprio John produziu, assumindo definitivamente a independência, as duas palavras mais presentes são "sorte" e "azar". Essas duas palavras aparecem explicitamente em 3 das 13 faixas do disco e implicitamente em quase todas as outras. Escrever o que isso significa levaria tempo pra pensar. Uma das minhas faixas preferidas do disco é "Agridoce", que apareceu numa bela seqüência scorsesiana de OS 12 TRABALHOS, de Ricardo Elias. A faixa, bem melodramática, lembra-me de imediato as canções de Roberto Carlos, tanto na letra quanto na música. É também uma faixa irmã de "Imperfeito", do álbum ISOPOR (1999), só que ainda melhor.

O videoclipe que "Agridoce" ganhou, dirigido por Conrado Almada, é o melhor do dvd. Vemos Fernanda de longe, no fundo branco, cantando. "Por que você às vezes / se faz de ruim? / Tenta me convencer / Que não mereço viver / Que não presto, enfim...". A expectativa que criamos ao ver o começo desse clipe é de que a câmera vai se aproximar aos poucos de Fernanda até focalizar em close seu rosto. Em vez disso, há um corte direto para o close e movimentos bruscos do rosto da cantora, fazendo lembrar o clipe de "Ava Adore", dos Smashing Pumpkins. Mas antes desse close, vemos uma nuvem negra se aproximando e enchendo a tela branca, obviamente representando o triste, que "está em todo lugar", como diz a letra. Achei esse vídeo fantástico.

Outro vídeo que eu gostei bastante e que ajuda a valorizar ainda mais a canção é o de "Simplicidade". É a faixa que mais faz lembrar dos tempos de brincadeira e de experimentação dos primeiros discos, mas ainda assim impregnado de melancolia. E olha que a letra fala de felicidade, de viver em paz e com a pessoa amada no interior, refúgio dos problemas da cidade grande. Gosto também do vídeo de "Amendoim", apesar da extrema simplicidade com que foi realizado. Só achei uma pena que o vídeo de "Vida Diet", uma das melhores faixas do disco, não tenha ficado bom. Mas tudo bem, levando em consideração o fato inédito (?) no Brasil de uma banda lançar um dvd de videoclipes de um álbum completo.

Entre os vários extras, o destaque vai para os trechos de shows da turnê. De arrepiar. Lembrei-me do ano de 2000, quando assisti um show da banda na Praça Verde do Dragão do Mar, na época do álbum ISOPOR. Foi o melhor show que eu já vi na vida e eu estava muito feliz. E ver a alegria contagiante do público e o sorriso de satisfação de Fernanda quando ela sobe no palco para cantar "Anormal" não tem preço. O dvd também traz um documentário sobre a realização do disco; um clipe de "Noite Enluarada", daquele projeto das três irmãs cegas do filme A PESSOA É PARA O QUE NASCE; apresentações ao vivo de "Simplicidade" (cantada pelo mascote Silício) e de "Boa Noite Brasil", entre outros agrados.

P.S: Como eu fui incumbido de participar de uma corrente literária pelo nosso amigo e blogueiro Sergio Andrade (:-)) segue minha lista de livros preferidos, não necessariamente em ordem de preferência:

1. CEM ANOS DE SOLIDÃO, de Gabriel Garcia Marquez
2. A SEMENTE DE MOSTARDA, de Osho
3. DO INFERNO, de Alan Moore e Eddie Campbell
4. TODOS OS NOMES, de José Saramago
5. A ÚLTIMA TENTAÇÃO DE CRISTO, de Nikos Kazantzákis

Passo a bola agora para os amigos Murilo, Alessandra, Michel, Valéria e Érika. Espero que não se importem. É uma maneira interessante de se descobrir quais seus livros preferidos. :-)

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