Final de semana bem chato esse que passou. Além de algumas coisas desagradáveis que aconteceram comigo, ainda por cima, fiquei sem internet por causa do incêndio no prédio da Telemar. Não sei quando que vão regularizar o serviço do Velox. Aqui no Centro, por alguma razão, a internet está funcionando normalmente. Por isso que, por enquanto, só estou podendo atualizar o blog nos dias da semana.
Comecemos a semana falando do Rei. Sim, embora muita gente questione a realeza do homem, Roberto Carlos é rei. E um dos poucos representantes vivos do ultra-romantismo no Brasil. Há quem critique seu posicionamento diante da morte da esposa e da esperança que ele tem de encontrá-la depois da morte. Acham que ele está perdendo tempo, que devia esquecer logo a mulher, partir pra outra, fazer como o Paul McCartney... Eu, já acho bonito pra caramba esse sentimento duradouro do amor eterno, contrariando os que dizem que o amor só dura no máximo 5 anos e depois passa.
Mas falemos um pouco de ROBERTO CARLOS E O DIAMANTE COR-DE-ROSA (1969). Esse filme está para HELP!, dos Beatles, assim como ROBERTO CARLOS EM RITMO DE AVENTURA (1968) está para A HARD DAY'S NIGHT. Roberto Farias trocou o nonsense e a ausência de trama do primeiro filme pela estorinha boba mas divertida do segundo. No lugar do anel de Ringo Starr, temos uma estatueta mágica, com direito a gênio e tudo.
A estória não tem tanta importância, ainda que seja bem divertida. O barato é mesmo ver e ouvir Roberto cantando. O filme começa logo com duas super-canções: "As curvas da estrada de Santos" abre o filme, enquanto vemos imagens do Japão, que é onde a trama se inicia; depois, vemos Roberto cantando num clube "Não vou ficar", canção de autoria de Tim Maia, que ficou eternizada na voz do Rei - há também uma belíssima versão do Kid Abelha. Pena que as canções vão diminuindo à medida que a trama vai ganhando mais importância. Os pontos fracos do filme são justamente as participações da Wanderléa e do Erasmo Carlos cantando. Erasmo é um cantor e compositor bastante subestimado no Brasil, mas a canção escolhida para o filme realmente foi bastante infeliz e até um pouco constrangedora.
Muito legal ver Roberto, Erasmo e Wanderléia jovens. Eles passam uma sensação de que podem tudo. Com a maior facilidade do mundo, os três lutam contra vários homens, não têm medo de armas de fogo, escalam montanha, sobrevivem a desabamento, resolvem enigmas complicados. Claro que tudo é meio tosco, pouco convincente - as cenas de ação parecem saídas dos filmes dos Trapalhões. Mas aí é que está a graça do filme. A propósito, Roberto Farias chegou a dirigir um filme de Didi Mocó e Cia, que foi OS TRAPALHÕES NO AUTO DA COMPADECIDA (1987), adaptação da obra de Ariano Suassuna, com Didi e Dedé como João Grilo e Chicó. Dizem que o filme seguinte, ROBERTO CARLOS A 300 QUILÔMETROS POR HORA (1971), que completa a trilogia de Roberto, é o melhor dos três. Espero pela oportunidade de conferí-lo um dia.
Quanto a Roberto Carlos, depois desse período de superstar feliz da vida, ele entrou numas de exorcizar os demônios interiores nos primeiros discos da década de 70. Daí surgiram discos clássicos como o de 1971, que tem "Detalhes" e "Traumas", e o de 1972, que tem "À Janela" e "O Divã", esta última, a canção que conta de maneira muito sutil e extremamente sofrida o lendário acidente que lhe amputou o pé quando criança. Uma obra-prima.
P.S.: Coluna nova no ar no CCR: reflexões sobre a morte no cinema.
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