sábado, outubro 16, 2004

O ASSASSINATO DE TRÓTSKY (The Assassination of Trotsky)



Primeiro filme que vejo de Joseph Losey. O ASSASSINATO DE TRÓTSKY (1972) é um filmão e está bem valorizado no DVD da ClassicLine. É o DVD de melhor qualidade de imagem da distribuidora que eu peguei até agora.

Sobre Losey, para compensar um pouco minha ignorância sobre a obra do diretor, li um texto do site Senses of Cinema, na seção Great Directors, e qual não foi minha surpresa ao saber que Losey, em geral, nem é tão louvado assim como um grande diretor. O próprio O ASSASSINATO DE TRÓTSKY é um filme pouco valorizado dentro da filmografia de Losey, que dizem ter entre os seus melhores filmes, os primeiros, os que vão da década de 50 até a metade da década de 60. Bom, se O ASSASSINATO DE TRÓTSKY é um dos filmes da fase fraca do diretor, eu preciso urgentemente ver mais filmes de Losey.

No filme, Alain Delon é o sujeito contratado pelo grupo de Stálin para matar o seu maior inimigo, o ex-parceiro de revolução Trotsky, exilado no México, representado no filme por Richard Burton. Quem assistiu recentemente FRIDA pode identificar esse momento histórico. Frida não aparece no filme, mas podemos ver as pinturas de Diego Rivera bem destacadas nos muros.

Muito interessantes também as palavras de Trotsky, suas idéias, expostas de maneira pouco natural, mas de certa forma poética, pela boca de Burton. Também muito bonita a demonstração de afeto que ele tem pela esposa e pela vida, mesmo tendo passado por muitas tragédias, tendo seus filhos e amigos já mortos pelo ditador soviético, na Europa.

Além dos belos enquadramentos e da bela fotografia em technicolor, o personagem de Delon destaca-se no filme. Soube que, assim como Nicholas Ray, Joseph Losey era bissexual e, talvez por isso, a sua câmera tenha dado tanto valor à figura do galã francês, aqui num de seus melhores papéis. Seu personagem é totalmente diferente, por exemplo, do assassino frio de UM SOL POR TESTEMUNHA. Aqui nesse filme, ele é um homem inseguro e perturbado.

Quem faz o par de Delon é a bela Romy Schneider. Nesse filme, ela já não está tão bela como quando fez os filmes da série SISSI. Se bem que no mesmo ano (1972), ela estava muito bela em LUDWIG, de Luchino Visconti, se não me falha a memória. Vai ver Losey se preocupou mais com a performance de Delon e preferiu mostrar Romy como uma mulher envelhecida, trancada no quarto olhando para suas olheiras no espelho.

O filme cresce bastante a partir da segunda metade, quando a parte política do filme diminui, ao mesmo tempo em que ficamos mais próximos dos personagens e seus destinos vão atingindo um grau crítico. De uma coisa eu sei: a cena em que Delon fura a cabeça de Burton com um furador de gelo vai ficar pra sempre na minha memória.

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