Mais um filme da safra "nostalgia", este VÍTIMAS DE UMA PAIXÃO (1989), de Harold Becker, vi na data de sua estreia no Brasil (creio que em 89 mesmo), no Cine São Luiz, numa daquelas sessões noturnas que eu fazia, na grande maioria das vezes sozinho, depois do expediente. Na época eu ainda era estagiário do Banco do Nordeste e devia ter 17 anos. Não lembro se a classificação indicativa foi 14 ou 16 anos. De todo modo, até hoje o filme tem fama de trazer uma das melhores cenas de sexo em filmes americanos mainstream. E sem dúvida a cena, com uma Ellen Barkin fabulosa, foi o que mais ficou grudado em minha memória.
É interessante quando é necessário um pouco mais de tempo para que certos filmes se tornem pequenos clássicos. No caso deste aqui, que trouxe de volta Al Pacino para os cinemas depois de alguns anos longe das telas, a revisão aumentou muito mais a minha apreciação inicial. Além do mais, é importante notar o quanto VÍTIMAS DE UMA PAIXÃO antecipou INSTINTO SELVAGEM, de Paul Verhoeven, tanto pela junção de thriller de crime com erotismo, quanto na história de um policial que se envolve com (e se apaixona por ) uma suspeita de ser a assassina serial procurada.
Se aqui não temos um grande diretor, temos uma série de circunstâncias que tornaram o filme especial e delicioso de ver. E ainda temos a sempre simpática presença de John Goodman, como o parceiro de Al Pacino na busca pelo responsável pelos assassinatos. Quanto a Pacino, ele está mais uma vez excelente como um policial separado da esposa e com um fraco pela bebida. O atual marido da esposa é um colega de trabalho dele (Richard Jenkins).
Assim, o caso da mulher que anda matando caras com um tiro na cabeça, nus e em suas camas, caiu como uma bênção para o Detetive Frank Keller (Pacino). A ideia que ele teve para caçar o assassino ou assassina foi marcar encontros com mulheres que respondem a anúncios em forma de versos em uma revista. Tanto as cenas de preparação para o plano quanto as cenas dos encontros rápidos com as diversas mulheres nos trazem um sorriso no rosto. Até que surge uma mulher diferente, Helen Cruger, vivida por Ellen Barkin. Quando eles se veem novamente, por acaso, bate uma atração forte e instantânea.
A comparação que se pode fazer deste filme com INSTINTO SELVAGEM faz todo o sentido na cena em que Pacino vai para o quarto com a mulher e descobre que ela tem uma arma na bolsa. Ou seja, o misto de tensão com tesão se intensifica, ainda que de maneira bastante diversa.
O clima neo noir é outro atrativo do filme, que destaca as ruas de Nova York ao som de um saxofone, mas principalmente quando enfatizam a força da femme fatale loira de Barkin.
Há quem veja como problemático o final, mas eu vejo um acerto, no sentido de que foge de ser um whodunit tradicional e burocrático e destaca que o que menos importa no final é saber a identidade do assassino e muito mais a relação que se estabelece entre o casal.
Agradecimentos à Paula, por topar ver este filme comigo em esquema de distanciamento social.
Agradecimentos à Paula, por topar ver este filme comigo em esquema de distanciamento social.
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