Às vezes eu me sinto um tanto travado até para escrever para o blog, pois, por algum motivo, me sinto um pouco na obrigação de compartilhar também informações adicionais sobre o filme para os leitores, sendo que isso demanda tempo e pode tirar a fluidez do texto, dependendo do dia. Então, vou tentar fazer um texto mais memorialista e sem entrar muito em detalhes da produção, apenas em impressões e no que eu tenho de intimidade e amor pelo cinema de Paul Verhoeven.
Sempre tive medo de voltar a ver TROPAS ESTELARES (1997) na tela pequena e o meu amor pelo filme diminuir. Isso pode acontecer e foi abordado recentemente em debate sobre a revisão de MAD MAX - ESTRADA DA FÚRIA no podcast Cinema na Varanda. No caso do filme do Verhoeven, havia algo também de muito assustador na sessão para mim, em especial com a cena da chegada da infantaria no planeta dos insetos e o encontro com o primeiro bicho, seguido da chegada de uma multidão deles.
Na época eu já era entusiasta do cinema de Verhoeven, embora ainda não conhecesse sua fase holandesa. Mas havia tido o prazer de ver no cinema O VINGADOR DO FUTURO (1990), INSTINTO SELVAGEM (1992) e SHOWGIRLS (1995). Aliás, é importante lembrar que ele vinha de uma obra bastante controversa, eleita por muitos como o pior filme do ano e coisa do tipo. Uma injustiça, na verdade. Mas isso não é assunto para esse espaço. Já até revi SHOWGIRLS anos atrás.
Assim, TROPAS ESTELARES guarda mais relação com ROBOCOP - O POLICIAL DO FUTURO (1987), por causa da crítica ácida ao nacionalismo levado às últimas consequências. No caso do filme dos insetos gigantes, essa crítica é ainda mais intensa e mais cheia de elementos de humor e sátira, embora possa ser incompreendido por parte do público como uma obra de exaltação do fascismo ou coisa do tipo, o que é um absurdo em se tratando tanto do trabalho do diretor quanto da própria epóca um tanto mais cínica em que vivíamos.
Agora na revisão, o que temos é uma obra que se mostra extremamente divertida e envolvente, inclusive na apresentação de seus personagens, que por mais que sejam como Barbies e Kens, isso não impede que sejam personagens de certa profundidade, além de exemplares da beleza e dos impulsos da juventude. Isso vale para os quatro personagens que formam o quadrado amoroso: Johnny Rico (Casper Van Dien), Carmen (Denise Richards), Dizzy (Dina Meyer) e Zander (Patrick Muldoon). Dos quatro, apenas Denise Richards ganharia maior fama, depois atuando em hits como GAROTAS SELVAGENS e se tornando uma Bond girl em 007 - O MUNDO NÃO É O BASTANTE.
Essa aproximação com os personagens torna o filme mais empolgante quando eles são jogados em um território perigoso, o planeta dos insetos gigantes. A propósito, que impressionante a criação desses monstros, hein. Tanto aqueles que parecem mais assustadores por se mostrarem mais difíceis de morrer e cheios de pernas cortantes, quanto os grandões, como a "mãe", apresentada em uma ótima cena na caverna, e aqueles que soltam fogo, como se fossem mísseis. Assim, podemos dizer que, dentro daquele momento em que já não nos impressionávamos mais com nenhum tipo de efeito especial desde JURASSIC PARK, do Spielberg, o filme de Verhoeven conseguiu esse feito.
TROPAS ESTELARES se tornou um dos maiores e melhores filmes do holandês maluco, dentro de uma filmografia que já era pra lá de admirável.
+ TRÊS FILMES
O PRIMEIRO HOMEM (First Man)
Não deixa de ser um tanto decepcionante, levando em consideração os dois trabalhos anteriores de Damien Chazelle. E também por ser um trabalho até que bem clássico. Mas é um filme que não deixa escapar sua intenção ambiciosa e que, felizmente, tem uma produção tão boa que consegue recriar muito bem a odisseia do primeiro homem indo para a Lua. Ano: 2018.
22 MILHAS (Mile 22)
Peter Berg parece um discípulo melhorado de Michael Bay. Neste 22 MILHAS, eu não me incomodei com a edição picotada. Acho que combinou bem com o ritmo e com a tensão, que é intensa, o tempo todo. Mas o melhor de tudo foi poder matar a saudade da Lauren Cohan. Como eu gosto dessa mulher...Que ela apareça com mais frequência no cinema. Ano: 2018.
CÍRCULO DE FOGO - A REVOLTA (Pacific Rim - Uprising)
Não sei se é porque eu vou com um pouco de má vontade (já não gostei do primeiro, dirigido pelo del Toro), ou então é mesmo tudo uma bagunça nesse filme aqui. Decupagem ruim em tudo, nas cenas de ação até que melhoram um pouco lá perto do final, mas aí não adianta mais. Há uma cena em que o vilão diz: não está se impressionando com o monstro gigante, então vamos ver se não se impressiona com isso aqui. Um saco esses monstros gigantes e robôs gigantes.. Saudades de EVANGELION... Direção: Steven S. DeKnight. Ano: 2018.
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