sexta-feira, fevereiro 14, 2020

AVES DE RAPINA - ARLEQUINA E SUA EMANCIPAÇÃO FANTABULOSA (Birds of Prey - And the Fantabulous Emancipation of One Harley Quinn)

A DC/Warner parece não ter se incomodado muito com as críticas negativas de ESQUADRÃO SUICIDA (2016), quase uma unanimidade entre os piores filmes do universo de super-heróis já feitos ultimamente. Como a presença de Margot Robbie no papel de Arlequina foi um dos poucos - se não o único – acertos do filme, o estúdio resolveu investir em um novo filme que trouxesse a personagem, que no anterior aparece como a namorada do Coringa, aqui mais tratado como Mr. C (ou Mr. J, no original).

Já na época do ESQUADRÃO SUICIDA, muito foi falado sobre a questão do relacionamento abusivo e tóxico dos dois, e AVES DE RAPINA – ARLEQUINA E SUA EMANCIPAÇÃO FANTABULOSA (2020) começa justamente com a separação dos dois, o sofrimento de Arlequina e sua posterior volta por cima, com um misto de bom humor e violência. Aliás, é curioso como as cenas de violência parecem uma fusão da violência cartunesca dos antigos desenhos da Warner, como Pernalonga, e a violência dos próprios filmes de gângster do estúdio.

Ou seja, o que temos aqui é uma versão atualizada e hipercolorida desses filmes que fizeram a fama do estúdio. As cenas de Arlequina quebrando as pernas de seus inimigos - são duas que se destacam - são até bastante gráficas, embora não vejamos sangue. Ainda assim, há uma leveza na personagem, apesar de isso ser um tanto contraditório com parte de seus atos, como entrar com uma arma caracterizada ao seu estilo. Como as cenas de ação são apenas o.k., não trazendo nada de mais, o que acaba se destacando é a força do carisma de Margot, mesmo com uma personagem com diálogos fracos.

AVES DE RAPINA, aliás, começa até interessante, com uma narração que lembra um pouco os primeiros filmes de Quentin Tarantino, com idas e vindas no tempo, a partir do ponto de vista de Arlequina. Como ela é a personagem principal, as demais personagens femininas que se juntam para um bem comum no último ato do filme, acabam tendo bem menos força. A personagem de Mary Elizabeth Winstead, por exemplo, é uma pena que seja tão fraca. Outra personagem muito querida nos quadrinhos é a detetive de polícia Renee Montoya, vivida no filme por Rosie Perez, mas que também, infelizmente, não é nada carismática na versão para cinema. E aí temos a Canário Negro (Jurnee Smollet-Bell), que faz o papel da motorista do gângster vivido por Ewan McGregor (um desperdício para uma personagem tão icônica).

Por falar em McGregor, é impressionante como seu personagem é irritante. Até dá para relevar, levando em consideração o tom debochado do filme, mas esse deboche é tanto que passa aquela impressão de desprezo do estúdio pela própria produção, uma das menos hypadas dos filmes de super-heróis recentes. Será que isso já aponta para uma diminuição na popularidade dessas produções? É possível. Tudo chega ao fim.

+ TRÊS FILMES

A GRANDE MENTIRA (The Good Liar)

Só em ter dois grandes atores como Helen Mirren e Ian McKellen, já passando da casa dos 70, em papel ótimo e muitas vezes físico, este filme já merece a atenção. Além de tudo, ainda é um belo thriller sobre um golpe perpetrado pelo personagem de McKellen, embora seja algo além de apenas isso. Acho que o filme perde um pouco o ritmo no momento do flashback, mas não poderia também ter deixado de lado. Acho que o problema é que os jovens atores não tinham o mesmo carisma dos veteranos. Talvez tenha sido isso. No mais, a produção também é muito bem cuidada. Direção: Bill Condon. Ano: 2019.

AMEAÇA PROFUNDA (Underwater)

Primeira produção de 2020 a chegar em nossos cinemas, o grande chamariz do filme é sem dúvida a presença de Kristen Stewart. Queria mesmo era vê-la em SEBERG, mas nem sei se este estreará nos cinemas. Aqui temos uma obra que parece um ALIEN debaixo d'água. Até mesmo a heroína com roupas de baixo, a exemplo de Ripley, nós temos. Mas o mais importante, que é a questão do envolvimento com o suspense, o mistério e as cenas de ação, tudo isso vai se perdendo ao longo da narrativa. Até começa bem e interessante, mas aos poucos o diretor vai perdendo a mão, mostrando que ele não tem nada de novo para apresentar. Uma pena. Direção: William Eubank.

EXTERMINADOR DO FUTURO - DESTINO SOMBRIO (Terminator – Dark Fate)

Vale mais pelas cenas de ação, pela novidade de trazer duas novas personagens femininas, por ser um filme protagonizado por mulheres e em que as mulheres são as donas da situação e por ter um Arnoldão ainda sabendo lidar com o humor. Melhores cenas: primeira perseguição na rodovia; embate 3 contra 1; a cena de ação dentro do avião (essa, na verdade, eu nem sei se é mesmo boa, mas vale pela coragem). Gostei da Mackenzie Davis. Ela é a loirinha de San Junipero, talvez o melhor episódio de BLACK MIRROR. No mais, na torcida para que não façam mais filmes de TERMINATOR. Já chega, né? Direção: Tim Miller. Ano: 2019.

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