quinta-feira, outubro 26, 2017

THOR - RAGNAROK

Quando o primeiro filme do Homem de Ferro aportou nos cinemas, um dos maiores destaques e um dos pontos mais apreciados pela audiência foi o bom humor. Nascia, então, uma fórmula que, guardada uma ou outra exceção (talvez apenas os dois primeiros filmes do Capitão América), seria a marca das aventuras de super-heróis do tão desejado Universo Compartilhado Marvel.

Porém, dois filmes do estúdio surgiram para brincar de maneira ainda mais escrachada com os heróis: HOMEM DE FERRO 3, de Shane Black, e GUARDIÕES DA GALÁXIA, de James Gunn. Em seguida, veio o ótimo HOMEM-FORMIGA, de Peyton Reed, provavelmente o produto mais bem-acabado da junção humor e aventura até o momento.

E eis que resolveram dar uma sacudida no deus do trovão, que ganhou dois filmes bem abaixo do que o personagem divino mereceria. O primeiro, THOR (2011), de Kenneth Branagh, é até um bom filme de introdução do personagem, mas é esquecível. Ter chamado Branagh só por ele ter dirigido filmes de Shakespeare não pareceu uma escolha lá muito sábia. O mesmo se pode dizer da escalação de Alan Taylor (diretor de episódios de GAME OF THRONES) para a sequência, THOR - O MUNDO SOMBRIO (2013), ainda mais anódino.

Se a intenção é juntar os Guardiões da Galáxia com os Vingadores, o Homem-Aranha e um Doutor Estranho metido a engraçado em um mega-lançamento futuro, então, nada mais justo do que apimentar também com muito humor este terceiro e estranho THOR - RAGNAROK (2017), que pelo título poderia ser uma aventura bem dramática. Afinal, Ragnarok é o apocalipse de Asgard, a destruição do lar (e talvez da vida) dos deuses nórdicos.

Mas acontece que preferiram uma comédia. Muito bem. Aceita-se o filme como uma comédia. O que poderia ser mais bem resolvido seria o timing. Fazer comédia não é fácil. Comédia das boas, digo. Não que THOR - RAGNAROK não consiga entreter e divertir em alguns momentos. Consegue sim. Mas a cara de matinê também rima com um pouco de desinteresse com o destino dos personagens ou mesmo com a história.

Há algumas coisas que funcionam bem: Chris Hemsworth, o Thor, já havia provado ser um ótimo ator de comédia em CAÇA-FANTASMAS, de Paul Feig. Assim, seu herói bobão no novo filme funciona muito bem desde o começo, quando ele aparece preso em um lugar que depois saberemos se tratar do lar do infernal Surtur, entidade que vinha aparecendo de maneira recorrente nos sonhos do deus do trovão. Dar cabo de Surtur seria uma forma de evitar o Ragnarok.

Mas o que o deus abobalhado não sabia era que seu lar estaria prestes a ser invadido e tomado por Hela (Cate Blanchett), a deusa da morte, e primogênita de Odin (Anthony Hopkins). Assim, a irmã que ele não sabia que existia será a grande ameaça para Asgard. Logo no primeiro embate com ela, Thor perde o martelo e é enviado para um planeta estranho chamado Sakaar, conhecido dos leitores da saga Planeta Hulk. E, sim, é lá que o verdão vai travar uma batalha com o protagonista.

Interessante essa avalanche de referências das histórias em quadrinhos da Marvel para tentar construir uma narrativa original. Por mais que seja uma narrativa com todo um jeitão de preguiçosa. Mas talvez seja essa a melhor maneira de ver THOR - RAGNAROK: totalmente relaxado, sem esperar nada além de uma boa comédia com alguns dos super-heróis da Marvel, e que ainda tem como bônus a bela fotografia bem colorida e visual e clima oitentistas. Para muitos, a estreia do neozelandês Taika Waititi, de trajetória pouco conhecida nos cinemas ocidentais, acabou sendo uma boa surpresa.

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