quarta-feira, abril 12, 2017
VELOZES E FURIOSOS 8 (The Fate of the Furious)
Quem lembra de UMA SAÍDA DE MESTRE (2003), um belíssimo filme de assalto estrelado por Charlize Theron e Jason Stathan? Pois bem. O diretor desse filme no mesmo ano dirigiu também O VINGADOR, com Vin Diesel. Recentemente, o homem que comandou esses dois filmes, F. Gary Gray, voltou a ser um nome quente em Hollywood com a aclamação de público e de crítica de STRAIGHT OUTTA COMPTON – A HISTÓRIA DO N.W.A. (2015), que não é exatamente um filme de ação, e sim uma volta às suas origens de filmar dramas dos negros americanos, mas foi o suficiente para chamar a atenção para o seu nome novamente. Além de ser a chance de ter um ótimo diretor de filmes de ação (e não só) à frente de uma franquia que não prima por ótimos cineastas no comando – por mais que James Wan seja muito bom, ele é perfeito mesmo é como diretor de filmes de horror.
Assim, VELOZES E FURIOSOS 8 (2017) começou com o pé direito, depois da tragédia que foi a morte de Paul Walker durante as filmagens de VELOZES & FURIOSOS 7. E como VELOZES é, atualmente, a galinha dos ovos de ouro da Universal, é natural que haja um investimento considerável no orçamento e tudo pareça cada vez mais inchado e megalomaníaco. Se já estava acontecendo isso nos trabalhos anteriores, no novo filme esse fenômeno se percebe explicitamente. Não apenas na produção mais luxuosa, mas também nas várias locações e no elenco de celebridades, que não só conta com uma vilã maravilhosa (Charlize Theron), como com uma coadjuvante de luxo pra lá de elegante (Helen Mirren).
Uma coisa que se percebe neste oitavo filme é que ele é pensado a partir das cenas de ação. Mais do que no fiapo de história, que até que é interessante, já que traz a discórdia para a família de Dominic Toretto (Diesel). Na trama, o personagem é tragado por uma megaterrorista (Charlize) que o tem em suas mãos para executar seus planos diabólicos. Conta muitos pontos positivos para o filme o fato de a vilã não ser nada estereotipada, o que poderia tornar tudo muito chato. Lembremos que Charlize já fez o papel de bruxa má duas vezes e se saiu muito bem. Ajudam também sua beleza, sua elegância e sua sensualidade natural, mas a verdade é que a atriz é uma força da natureza, que o diga seu maravilhoso papel em MAD MAX – ESTRADA DA FÚRIA, de George Miller.
Entre as tais cenas de destaque, algumas vão ficar grudadas na memória, como a cena dos carros desgovernados, a da perseguição no gelo, a da fuga da prisão dos personagens de Dwayne Johnson e Jason Stathan e o prólogo, em Cuba (trata-se do primeiro filme de Hollywood filmado na ilha de Fidel), que serve para lembrar ao público e aos próprios criadores e demais envolvidos na franquia que VELOZES ainda continua sendo um filme sobre corridas de carros nas ruas - a inclusão de moças com pouca roupa nessas cenas talvez tenha sido mais para não perder o hábito.
A trama ganha ares de thriller de espionagem, com heróis e vilões tendo o poder de visualizar eventos em qualquer lugar do mundo, graças às maravilhas da tecnologia. O problema é que, com a ânsia de ser sempre uma cinessérie que prima pela ação ininterrupta, não há tempo para um respiro e as tentativas que o filme traz de causar impacto emocional, como a própria separação de Toretto do grupo, bem como outra cena mais brutal, acaba não sendo levada a sério por ninguém. E talvez essa seja mesmo a intenção, já que Deckard, o personagem de Stathan, é aceito pelo grupo numa boa, mesmo tendo assassinado um deles em outro filme passado.
É esse espírito leve (junto com o gosto por carros, ação e a noção ampliada da família) que faz com que VELOZES continue sendo uma franquia apreciada pelo grande público. Mesmo tendo personagens divertidos e que encontraram seu espaço garantido no grupo, a franquia se beneficia mesmo é pelo show de pirotecnia, barulho e efeitos especiais cada vez melhores, a serviço de boas cenas envolvendo carros.
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