quarta-feira, setembro 28, 2016
MR. ROBOT – TEMPORADA 2 (Mr. Robot – Season 2)
O que dizer desta segunda temporada de MR. ROBOT (2016)? Não dá pra dizer que não foi surpreendente em muitos sentidos. Mas ficou uma pontinha de desapontamento no modo como a série deixou de me entusiasmar da mesma maneira que a primeira conseguiu. Isso se deve à coragem de seu criador, Sam Esmail, que dirigiu todos os episódios também, e fez algo ainda mais ousado na segunda parte da história do hacker Elliot Alderson (Rami Malek).
Na primeira temporada descobrimos quem era Mr. Robot e vimos os planos de sua equipe de afundar o sistema econômico mundial, deixando a sociedade em colapso, sem poder acessar suas contas. O mundo da segunda temporada já é esse mundo sombrio (ou de libertação, depende do ponto de vista), e há uma série de novos personagens estranhos que aparecem, às vezes só no cantinho do quadro, pois Esmail também faz questão de desconstruir o que normalmente se espera de um programa televisivo. Ou seja, não é pra esperar os tradicionais close-ups e tantos campos e contracampos.
Há muitos planos gerais, tomadas em que os personagens aparecem bem no canto da tela, às vezes à distância, e cenas de tiroteio (poucas, mas empolgantes) de um ponto de vista bem estranho. Nada de deixar o espectador se sentindo privilegiado com a melhor visão de um tiroteio, por exemplo. Mas isso não diminui o impacto das duas cenas a que me refiro, especialmente a segunda, que acontece no episódio 10, um dos melhores da breve história da série. As duas envolvem a detetive do FBI Dominique DiPietro, muito bem interpretada por Grace Gummer (filha de Meryl Streep).
Ela já aparece na segunda parte do episódio duplo que dá início à segunda temporada e no começo eu demorei a perceber que ela era uma nova adição para a série. Isso porque é preciso, pelo menos, rever o último ou talvez o penúltimo episódio da temporada passada, a fim de não ficar um pouco perdido na trama. Esmail faz questão de deixar a gente confuso. E uma prova da qualidade da série é quando deixamos de lado o episódio por algum motivo, e, ao recomeçarmos, percebemos o quanto ele é bom e ousado, precisando ser visto com mais atenção do que a grande maioria das séries de televisão, que tem apenas o intuito de entreter.
Há também um clima de melancolia na série, principalmente quando foca em Angela Moss (Portia Doubleday), a melhor amiga de Elliot, que aqui aparece trabalhando para seus inimigos, da E Corp, a fim de se vingar, de alguma maneira do que eles fizeram a sua família. Ela acaba sendo peão dos amigos de Elliot em certo momento, para executar uma das ações perigosas. Destaque para uma cena em que Angela aparece cantando "Everybody wants to rule the world", do Tears for Fears, em um karaokê.
A segunda temporada também nos deixa no chão em pelo menos dois momentos, ao mostrar surpresas sobre Elliot e os demais personagens, como o desaparecido Tyrell (Martin Wallström). E enquanto ele está desaparecido, a série dá espaço à sua bela e intrigante esposa, Joanna (Stephanie Corneliussen), que mantém um relacionamento com um jovem amante, que usa apenas para exercitar seus gostos extravagantes por sexo com dominação.
Haveria muito o que comentar sobre os demais personagens, que se tornam quase tão importantes quanto Elliot no enredo, principalmente Darlene (Carly Chaikin), que com o sumiço de Elliot por uns tempos acaba assumindo a liderança da equipe de hackers por um tempo. No mais, é uma série que talvez se beneficie de uma revisão mais atenta, mas cujas ousadias de Esmail podem lhe custar caro, por mais que haja um hype em torno de si. Vamos ver o que acontece na temporada seguinte.
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