terça-feira, julho 19, 2016

A ÚLTIMA MULHER (La Dernière Femme / L'Ultima Donna)



Durante as décadas de 1970 e 1980 (e até boa parte da década de 90 também), Ornella Muti era uma das mulheres mais lindas do mundo. E que possuíam um apelo sexual muito bem explorado pelos filmes que costumava fazer. Sua estreia no cinema já foi avassaladora e já foi comentada aqui no blog, com POR AMOR OU POR VINGANÇA, de Damiano Damiani, em 1970. Quando fez A ÚLTIMA MULHER (1976), de Marco Ferreri, ela já tinha alcançado uma fama tão grande quanto a de seu parceiro francês com quem contracenaria, Gerard Depardieu.

Curiosamente, por mais que hoje se questione a exploração da nudez da mulher nos filmes, os trabalhos que Ornella fez tem, de certa forma, um viés feminista. Ou ao menos trazem à tona uma discussão sobre o papel machista do homem na sociedade, ou então o quanto ele se apequena frente à paixão por mulheres fortes, como também são os casos de A GAROTA DE TRIESTE, de Pasquale Festa Campanile, e CRÔNICA DE UM AMOR LOUCO, este último também dirigido por Marco Ferreri.

A ÚLTIMA MULHER é uma das várias coproduções entre França e Itália que eram bastante comuns na época. Inclusive, não havia muita preocupação com a dublagem estar sincronizando com os lábios dos atores. Fazia parte da cultura da época isso. Principalmente na Itália, onde se produzia muitos filmes de gênero para o mercado internacional, como westerns, policiais, filmes de horror etc.

A ÚLTIMA MULHER entraria na classificação de dramas com conteúdo erótico, ou que chamava a atenção do espectador com alguma coisa chocante. Ferreri já havia deixado o público sair depressivo do cinema quando fez A COMILANÇA (1973) e neste trabalho ele aborda um amor obsessivo que leva a uma perda que, para os homens, representa um pesadelo.

Na trama, Gerard Depardieu é um jovem engenheiro que foi deixado pela esposa com um filho pequeno. Ele cuida do bebê sozinho e costuma deixá-lo na creche quando vai trabalhar. Lá fica apaixonado pela bela funcionária do lugar, que até já tem um amante, vivido por Michel Piccoli, que é um sujeito estranho, que parece esconder o ciúme que sente por ela ao deixar que ela seja livre para viver com o novo namorado.

Se o filme parece grosseiro e demasiado explorador da violência em seu final, pode-se dizer que ele funciona muito bem enquanto lida com as várias discussões de relacionamento entre o casal e o modo muito livre com que trata de sua intimidade. No território do erotismo, porém, recomendaria outro filme muito mais agradável para o espírito, A CARNE (1991), já da fase tardia de Ferreri. Mas se a intenção é, principalmente, ver Ornella Muti no esplendor da beleza, eis mais uma excelente chance.

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