sábado, janeiro 02, 2016
VAI QUE DÁ CERTO 2
Há algo de estranho em VAI QUE DÁ CERTO 2 (2015). A sequência do sucesso de 2013 optou por um registro menos cômico e um pouco mais sombrio, ficando a dúvida se isso ocorreu acidentalmente ou de forma deliberada. O fato é que temos um filme curioso, com personagens que aprendemos a gostar na produção anterior e que continuam levando a vida com as mesmas dificuldades de antes, lamentando o fato de não conseguirem o tão sonhado dinheiro.
O personagem mais centrado é Rodrigo (Danton Mello), que logo no começo do filme está em um casamento com Jaqueline (Natália Lage). A moça é tão encantadora que os seus três amigos patetas, Amaral (Fábio Porchat), Tonico (Felipe Abib) e Danilo (Lúcio Mauro Filho), ficam secando e torcendo para que tenham um dia uma chance com ela também. Coisa de gente sem noção ou de gente sincera e que fala o que realmente sente?
A nova chance de os rapazes ficarem ricos está em um vídeo comprometedor que traz um sujeito que quer dar o golpe do baú em uma mulher mais velha. Vladimir Brichta interpreta esse sujeito. E o tal vídeo pode por fim ao seu casamento e a sua chance de enriquecer. Acontece que outras pessoas estão também interessadas no vídeo e no quanto isso pode lucrar para elas, como é o caso de dois policiais corruptos e de uma prima de Rodrigo e Danilo.
O tom grave que o filme passa a ter envolvendo o destino de um membro do grupo parece deslocado e compromete o humor já pouco presente. Por isso as sessões de VAI QUE DÁ CERTO 2 têm sido marcadas por risos amarelos, silêncio, um certo incômodo e alguma tensão, embora a tentativa de fazer graça esteja presente, mas muito raramente é eficiente. Nem mesmo Lúcio Mauro, como o avô gagá, consegue imprimir humor nas cenas em que aparece. Inclusive, há uma cena dele com a Natália Lage que muita gente pode até achar de mau gosto.
Ainda assim, a série de situações envolvendo uma sacola de dinheiro escondida funciona como motor para que o filme siga mantendo o interesse do público até o final. Maurício Farias, agora com Calvito Leal coassinando a direção, embora tenha entregado um trabalho fragmentado, demonstra relativa confiança na arte de narrar, até por toda a bagagem que tem com filmes, minisséries, séries e telenovelas para a Rede Globo. Curiosamente, um de seus trabalhos para cinema mais marcantes é também uma obra que vacila bastante no uso do humor, O CORONEL E O LOBISOMEM (2005).
Por isso, talvez o problema de VAI QUE DÁ CERTO 2 esteja na mão pesada do diretor, já que os rapazes têm uma boa química juntos (mesmo com a ausência de Gregório Duvivier) e a história não é ruim. Resta saber se, mesmo com esses equívocos, esta sequência consiga repetir o sucesso do original ou se ocorrerá um boca a boca negativo que prejudicará sua carreira no circuito.
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