sábado, dezembro 19, 2015
STAR WARS: EPISÓDIO VII – O DESPERTAR DA FORÇA (Star Wars – The Force Awakens)
Afirmar que STAR WARS: EPISÓDIO VII – O DESPERTAR DA FORÇA (2015) é um dos filmes mais esperados do ano não deixa de ser uma verdade, levando em consideração a massiva propaganda que invade os cinemas desde o ano passado, quando desembarcou o primeiro teaser trailer. Junte-se a isso toda uma tradição construída ao longo de quase 40 anos de existência da franquia, de culto à mitologia criada por George Lucas a partir de influências de Tolkien, principalmente.
O termo mitologia, aliás, se aplica muito fortemente à marca Star Wars, que se prolonga além dos filmes, através de séries animadas, quadrinhos e livros. O cinema em breve seguirá esse caminho também, trazendo filmes extras com aventuras passadas no universo da série em diferentes momentos da cronologia. A começar com ROGUE ONE: A STAR WARS STORY, de Gareth Edwards, diretor de GODZILLA (2014). A Disney, desde que comprou os direitos do Universo Star Wars está sabendo aproveitar essa mina de ouro, que estava um tanto parada devido à preguiça de seu criador.
O DESPERTAR DA FORÇA é uma aventura admirável, ainda que peque por manter a tradição do tipo de interpretação ruim bem característica dos trabalhos de Lucas e muito presente na segunda trilogia. É como se J.J. Abrams fosse obrigado a assumir o estilo do criador, a fim de não desvirtuar a franquia. E não é a primeira vez que J.J. se divide. Basta lembrar de SUPER 8 (2011), quando ele teve que ser ele e também Spielberg; e STAR TREK (2009), ao assumir o controle da Enterprise com direito à participação de Leonard Nimoy como o Spock da série clássica.
Curiosamente, O DESPERTAR DA FORÇA é também sobre divisão. No caso, a divisão entre o bem e o mal, que rasga a alma do personagem Kylo Ren, um jovem homem que assume a posição de um novo Darth Vader, mas que, veremos a seguir, é alguém que possui uma fagulha do lado bom da Força, graças ao treinamento que teve com um famoso e mítico mestre Jedi.
O bem e o mal em STAR WARS não possuem tons de cinza. E nisso é que a série se assume como algo ainda mais mitológico e épico. O que se aproxima mais disso é mesmo esse sentimento de perturbação no espírito, uma vez que se é tomado pelo mal, que tem forte ligação com o medo.
Falando dos personagens novos, como não gostar de Rey (Daisey Ridley) e Finn (John Boyega)? São duas pessoas saídas da marginalidade, por assim dizer. Ela é uma catadora de lixo, ele é um storm trooper que percebe que está do lado errado da guerra, e que não quer lutar do lado da terrível Primeira Ordem, a nova face do Império, e que assume aqui feições muito semelhantes às do nazismo. Os rebeldes da primeira trilogia agora fazem parte da Resistência, o que lembra o posicionamento da França na Segunda Guerra Mundial.
Mas voltando a Rey e Finn, um dos momentos mais bonitos do filme é quando eles se encontram e logo veem que têm uma conexão forte, quase instantânea. Ela é encantadora, forte e independente, ele é o cara que veio de baixo e quer passar a imagem de quem não é, a fim de conquistá-la, ainda que essa intenção não seja explicitada no filme, até por não se ter muito tempo de sair do modo ação. Essa relação lembra um pouco a do garoto de SUPER 8 em relação à menina bonita vivida por Elle Fanning.
A saída dos dois na Millennium Falcon e o posterior encontro com Han Solo (Harrison Ford) e Chewbacca são pontos altos também, pelo muito do que isso representa para os fãs e pelo tanto que os velhos personagens e a velha nave trazem de recordações para várias gerações. Mas algo se perde da metade para o final, com certo cansaço causado pelas cenas de ação e também por ser difícil engolir Adam Driver como um vilão daquele tipo sem ficar lembrando seu personagem na série GIRLS. É como se estivéssemos vendo Adam em um cosplay de STAR WARS.
Inclusive, há uma cena dramática, que deveria ser trágica e levar o espectador às lágrimas, que, devido às interpretações ruins acaba causando apenas indiferença. Incapacidade de Abrams em construir o drama? Culpa do roteiro? Necessidade de seguir a cartilha George Lucas de interpretação? Pressão da Disney? Não importa muito, depois que o mal está feito.
O que importa é que temos mais dois filmes pela frente da nova trilogia com dois personagens novos e carismáticos que podem fazer a diferença dentro de uma trama melhor elaborada que saiba situá-los no cenário junto com os personagens clássicos sem que isso pareça forçado. Isso é possível. Enquanto isso, a Disney ainda vai lucrar bastante com bonecos dos personagens, principalmente do robozinho fofo BB-8.
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