sábado, julho 25, 2015

WAYWARD PINES



Dos cineastas surgidos na virada do milênio, M. Night Shyamalan foi um dos que mais se destacaram. O problema é que, além de seus filmes não serem exatamente uma unanimidade, ele de fato entrou em algumas barcas furadas mais recentemente, embora seja muito mais interessante lembrar o que de melhor ele fez. Até hoje, só a citação de seu nome em uma conversa gera muita discussão, inclusive convidam para a participação aqueles que odeiam o seu trabalho.

De todo modo, foi o nome de Shyamalan à frente da minissérie WAYWARD PINES (2015) que chamou a atenção para esta produção da Fox – ele é um dos produtores executivos e dirige o primeiro episódio. O elenco também ajudou (Matt Dillon, Carla Gugino, Shannyn Sossamon, Toby Jones, Melissa Leo, Hope Davis, Terrence Howard e Juliette Lewis, para citar os mais conhecidos), bem como a trama intrigante, que se passa em uma cidade que parece saída de um episódio de ALÉM DA IMAGINAÇÃO.

Na trama, Matt Dillon é Ethan Burke, um agente do FBI enviado a uma cidadezinha chamada Wayward Pines, no estado de Idaho, para investigar o desaparecimento de dois agentes naquele lugar. O próprio nome do lugar, assim como a geografia e o comportamento estranho das pessoas fazem lembrar TWIN PEAKS, mas, hoje em dia, a série de David Lynch e Mark Frost serve de referência e homenagem a várias outras, de THE KILLING a TRUE DETECTIVE, para citar as mais recentes.

Depois de um acidente do qual ele não se recorda, Ethan acorda em um hospital e é logo atendido por uma enfermeira que mais parece uma bruxa de contos de fadas (Melissa Leo), dado o seu comportamento. Mas o pior viria com o fato de Ethan não conseguir contato fora daquela estranha cidade onde ninguém usa aparelho celular. Nem para o seu trabalho, nem para sua casa. Enquanto isso, sua esposa, Theresa (Shannyn Sossamon), e o filho, Ben (Charlie Tahan), tentam a todo custo saber o paradeiro de Ethan. A ponto de tomarem a iniciativa de ir até a tal cidade.

Há uma série de reviravoltas na trama de mistério e o grande barato de WAYWARD PINES é que a série não se alonga muito nas revelações. Tanto que o melhor episódio é justamente "The Truth", o quinto, que traz à tona a verdade sobre aquela cidade e o porquê das proibições de fuga – há uma enorme cerca eletrificada que impede qualquer pessoa de fugir e quem tentar será executado em praça pública.

Mas a grande revelação da série pra mim foi Shannyn Sossamon, essa linda atriz que até então eu desconhecia – ou não havia prestado atenção, nos poucos filmes que vi com sua presença. Tanto que ela foi o principal chamariz para que eu visse finalmente CAMINHO PARA O NADA, de Monte Hellman. Impressionante o quanto sua interpretação discreta e sua elegância são eficazes para a construção de uma personagem adorável.

No terreno dos vilões, ou daqueles que podem ser pintados como vilões, destaque para Hope Davis, no papel de uma professora responsável por direcionar os jovens alunos da cidade no sentido de dizer a verdade sobre o lugar e fazer também um pouco de terrorismo, e Terrence Howard, como o primeiro xerife da cidade, um sujeito que tem prazer em sacrificar os rebeldes em praça pública.

Pena que os últimos minutos finais estraguem um pouco o belo trabalho que vinha sendo feito ao longo dos dez episódios. Dá a impressão de que os criadores tiveram que estragar deliberadamente a própria obra, de modo a mostrar para a emissora aberta que precisavam de mais tempo e mais liberdade criativa para dar à série um final adequado. Por isso tanta gente anda dizendo que as melhores séries estão mesmo nos canais a cabo e nos serviços de streaming. De todo modo, continuo defendendo e recomendando WAYWARD PINES pelas suas muitas qualidades.

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