segunda-feira, julho 13, 2015

NOSFERATU (Nosferatu, eine Symphonie des Grauens)



NOSFERATU (1922) é daqueles filmes obrigatórios. Especialmente para alguém que se autointitula "cinéfilo". Mas eu sei que tenho muitas lacunas e não procuro escondê-las. Tinha visto um trecho do filme uma ou duas vezes na televisão, sem falar que é o tipo de obra que, mesmo não vendo, é como se tivesse visto, captado da memória do inconsciente coletivo, se é que existe tal coisa. Essa impressão naturalmente se deve também às tantas citações do filme em documentários ou em livros. Assim, a aparição de Max Schreck no papel do vampiro de visual animalesco, parecendo um rato e antecipando as unhas de Zé do Caixão, deixa de ser uma novidade.

Também temos que ter em mente que quando NOSFERATU foi feito, todos os clichês que conhecemos de filmes de vampiro não existiam ainda. E a própria figura do Conde Orlok, que não é chamado de Drácula por causa de problemas com direitos autorais com a família de Bram Stoker, seria mudada radicalmente a partir de DRÁCULA, de Tod Browning, no começo da era do cinema falado, quando o príncipe das trevas ganharia um ar de conquistador.

O fato de ser dirigido por F.W. Murnau dá um ar de ainda maior respeitabilidade à obra, já que se trata de um dos maiores e mais criativos cineastas de todos os tempos. Por mais que NOSFERATU não seja tão inventivo e tão cheio de manobras quanto A ÚLTIMA GARGALHADA (1924) e principalmente AURORA (1927), trata-se de uma obra singular.

O que conta é mais o visual e a forma como é contada a história do que a história em si, que é velha conhecida de todos hoje em dia. Na trama, o jovem Hutter é enviado ao castelo do Conde Orlok, na Transilvânia, a fim de lhe vender uma casa localizada justamente em frente à sua. A caminhada até o castelo é complicada e cheia de obstáculos (sem falar no medo dos habitantes do vilarejo), mas o pior estaria lá no tal castelo. Orlok aceita comprar a casa e fica especialmente interessado na esposa de Hutter, Ellen.

NOSFERATU é um dos filmes que melhor representam o Expressionismo Alemão, junto com O GABINETE DO DR. CALIGARI, de Robert Wiene. Muito provavelmente a situação político-social na Alemanha nazista acabou sendo propícia para que filmes do gênero horror combinassem mais com o movimento e com o momento em si, ainda que no caso dessas obras isso possa ter ocorrido inconscientemente. No fim das contas, Murnau só queria mesmo filmar uma boa história de horror, possivelmente o seu gênero favorito, já que faria anos depois FAUSTO (1926) e em AURORA o horror também está presente, só que de maneira mais realista, o que acaba sendo mais pungente.

NOSFERATU ganharia um remake bem interessante, dirigido por Werner Herzog em 1979, mas isso é assunto para outra postagem.

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