domingo, julho 12, 2015

CINCO DRAMAS HISTÓRICOS



Muitas vezes a ficção não dá conta de inventar histórias. A vida real é que trata de criá-las, por mais difíceis de acreditar que elas sejam. Então o cinema procura se alimentar dessas histórias, seja por serem singulares, seja por ser importante lembrá-las ou divulgá-las. Falemos de cinco títulos que tratam de dramas baseados em acontecimentos reais.

CAÇADORES DE OBRAS-PRIMAS (The Monuments Men)

Filme visto em fevereiro do ano passado, já estava passando da hora de eu colocá-lo aqui no blog. Trata-se do quinto trabalho como direor de George Clooney e certamente o mais fraco, embora nos apresente a uma história bem interessante: a de um pelotão responsável por salvar obras de arte roubadas por nazistas e levá-las de volta para seus donos. CAÇADORES DE OBRAS-PRIMAS (2014) seria uma bela ode à arte em meio a odes à vida ou mesmo à pátria, tão mais comuns de encontrar em filmes de guerra. Pena que o tom leve acabe prejudicando o que poderia ser mais um bom filme no currículo de diretor de Clooney.

DUAS IRMÃS, UMA PAIXÃO (Die Geliebten Schwestern)

O cineasta alemão Dominik Grag é mais experiente do que sabemos. Dirige filmes desde os anos 1970, mas como o cinema alemão anda cada vez mais invisível em nosso circuito, poucos trabalhos chegam aqui. DUAS IRMÃS, UMA PAIXÃO (2014, foto) é um desses raros exemplares. O filme conta a interessante e conturbada história do triângulo amoroso existente entre o poeta e pensador do Romantismo Friedrich Schiller e duas irmãs. As duas se apaixonam por ele e tentam arranjar uma maneira de compartilhá-lo sem que a sociedade perceba. As coisas, porém, tomam rumos inesperados e difíceis para os três envolvidos. A narrativa é envolvente e o drama dos protagonistas é doloroso e fácil de conquistar nossa solidariedade. Infelizmente vi numa cópia não muito boa em digital, o que talvez tenha prejudicado a apreciação da fotografia, que pelas fotos de divulgação parece ser muito bonita.

A ESTRADA 47

A participação brasileira na Segunda Guerra Mundial parece tão pequena ou pouco importante que a nossa cinematografia quase não tem filmes que abordam o assunto. A ESTRADA 47 (2013), de Vicente Ferraz, é um dos raros exemplares. E faz isso com muito cuidado e vigor. Pode não ser um filme de guerra fenomenal, mas cumpre o que propõe, ou seja, traça um painel bem intimista da guerra do ponto de vista de alguns soldados brasileiros e seu relacionamento com militares de países do Eixo (um italiano e um alemão) que estão em fuga ou contra as decisões políticas de seus países. Esqueça cenas de bombardeio ou tiros, como nas produções de gênero americanas. O maior interesse aqui é lidar com os aspectos psicológicos dos personagens, embora também trate de seus atos heróicos. A ESTRADA 47 foi vencedor do Kikito de ouro de melhor filme no Festival de Gramado.

PROMESSAS DE GUERRA (The Water Diviner)

A estreia de Russell Crowe na direção chegou a impressionar a alguns, mas não passa de um filme convencional, sem muita invenção ou mesmo sequências emocionantes para o tema que propõe. Em PROMESSA DE GUERRA (2014), o próprio Crowe é um pai de família australiano que perdeu os três filhos na Batalha de Gallipoli, na Turquia. Depois que sua esposa morre e afirma que ele não soube cuidar de seus próprios filhos, ele decide ir até o local da batalha buscar os restos mortais de seus entes queridos. A busca não será fácil, mas o personagem tem uma capacidade especial de encontrar coisas, já que ele consegue encontrar água com facilidade em um local deserto. Quem acaba ganhando o filme é Olga Kurylenko, que está mais bela do que nunca no papel da gerente de um hotel que não só o ajuda a encontrar o caminho das pedras, como também acaba sendo o seu interesse amoroso. É quando o filme ganha um respiro mais interessante, trazendo um final feliz que deve ter sido muito romantizado para que tenha sido de fato um acontecimento.

NERUDA

O grande poeta chileno Pablo Neruda merecia um filme melhor neste momento em que faz aniversário de nascimento. NERUDA (2014), de Manuel Basoalto, parece um telefilme vagabundo, com todo o respeito com os telefilmes. O fato de a fotografia ser em scope não engana. O filme foca no momento em que o poeta é senador da república, mas que precisa fugir, pois o Presidente do Chile começa a adotar medidas ditatoriais. Há espaço também para flashbacks da infância e juventude, muito mal posicionados ao longo da aborrecida narrativa. É o tipo de filme que a gente fica torcendo para acabar logo, embora só tenha 90 minutos de duração, e que nos faz questionar a razão de ter sido feito, se é pra fazer com tanta incompetência no uso da linguagem de cinema e de dramaturgia. Só com muita boa vontade mesmo para ver até o fim.

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