segunda-feira, maio 04, 2015
NOITE SEM FIM (Run All Night)
Não falta estilo em Jaume Collet-Serra, o que já dava para notar em seus dois bons filmes de horror, A CASA DE CERA (2005) e A ÓRFÃ (2009), e em seus dois trabalhos anteriores com Liam Neeson, DESCONHECIDO (2011) e SEM ESCALAS (2014). Mas infelizmente ser estiloso não é tudo e por mais que a estética de NOITE SEM FIM (2015) seja agradável aos olhos, o filme é uma decepção, a julgar pelo bom diretor e todo o bom elenco envolvido, sem falar na possibilidade de fazer um thriller cuja tensão e violência fossem exploradas da melhor maneira possível.
Em vez disso, o que vemos é um filme que vai se tornando cada vez menos empolgante, à medida que se aproxima de sua conclusão. Muito por causa de um roteiro ruim, de um texto ruim. Collet-Serra não é suficientemente bom para salvar um roteiro ruim apenas com sua força na direção. O roteirista é o mesmo de TUDO POR JUSTIÇA (2013), de Scott Cooper, um bom filme, mas não exatamente memorável. Cooper ao menos fez um melhor trabalho.
Quanto a NOITE SEM FIM, interessante como ele tinha tudo para ser muito bom. O trailer é bastante convidativo e temos Ed Harris como um homem poderoso e pronto para matar, o que acaba por nos fazer lembrar de seu antológico papel em MARCAS DA VIOLÊNCIA, de David Cronenberg. Harris interpreta um homem de negócios que já teve muita relação com tráfico de drogas no passado, mas que agora quer manter-se limpo e lucrar honestamente.
O problema é que seu filho traz um traficante de heroína para sua casa, e como ele não aceita negociar com ele, o filho acaba pagando com a vida, enquanto o pai quer se vingar daquele que matou o seu garoto-problema, o seu velho empregado de longa data vivido por Liam Neeson, numa espécie de leão-de-chácara decadente.
Neeson faz o já velho papel de homem que não merece perdão, que cabe bem em heróis de ação maduros como ele. Uma pena que isso não é bem explorado, assim como também não é o seu relacionamento com o filho (Joel Kinnaman), que dirige uma limusine. O encontro dos dois acabou acontecendo justamente por causa do tal ataque dos traficantes ao filho do chefão. Kinnaman ainda segura a mesma persona meio malandro meio gente de confiança que assumiu no melhor papel de sua carreira até o momento, o do detetive Holder, da série THE KILLING.
No fim, o que acaba contando mesmo é a correria desenfreada, a câmera que nos localiza geograficamente na cidade como se fosse em um videogame, a movimentação em torno da situação complicada do protagonista, ao estar fugindo dos capangas do chefe e também da polícia, boa parte dela corrupta. E não deixa de ser interessante ter também Vincent D’Onofrio, que fez Wilson Fisk na série do Demolidor, neste cenário em que a lei está contaminada. Ah, e destaque também para Common, como um matador profissional que se bem aproveitado seria assustadoramente perfeito no enredo. Pena que em se tratando de NOITE SEM FIM sempre ficamos no “se...”.
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