quarta-feira, janeiro 21, 2015

BREAKING BAD – A QUINTA TEMPORADA COMPLETA (Breaking Bad – The Complete Fifth Season)



Escrever sobre a quinta temporada de BREAKING BAD (2012-2013) no calor do final não é tarefa fácil, mas talvez seja a melhor maneira de tentar passar o que eu senti e sinto ainda neste momento de despedida de personagens tão complexos e queridos. Se bem que dizer que são "queridos" soa até um pouco estranho, pois há vários momentos na série, especialmente nas temporadas finais, que você sente mesmo ódio de Walter White (Bryan Cranston). Mas o fato de acompanharmos a sua trajetória de seis anos, de professor de química pouco respeitado de uma escola até mestre do crime, pelo seu ponto de vista, faz com que nos solidarizemos com ele.

Foram poucos os momentos em que a série pareceu tratar os personagens Walt e Jesse (Aaron Paul) felizes com o que faziam, isto é, cozinhando metanfetamina da melhor qualidade, ganhando muito dinheiro com isso e conseguindo se safar do Departamento de Narcóticos da Polícia de Albuquerque, pois há sempre algo de ruim que acontece. Aos poucos, vamos acompanhando o transformação de Walt, até chegamos ao ponto de torcer pela polícia, tal a monstruosidade que ele se transformou, ao deixar-se arrastar para uma espécie de "lado negro da força", que se torna mais sombrio ainda à medida que a série se aproxima de seu final.

Na quinta temporada, por ter um caráter de desfecho, já prevíamos que, mais cedo ou mais tarde, o império de Walt seria descoberto e o inferno cairia sem pena sobre ele. Mas isso demora um bocado para acontecer. Ou acontece aos poucos, o que é pior para todos os envolvidos, seja Jesse, seja a esposa de Walt, Skyler (Anna Gunn, grandiosa), que havia se tornado cúmplice dos negócios ilícitos do marido, mas que entra em parafuso quando descobre do que ele é capaz, depois do bem sucedido plano para matar o chefão Gus no final da temporada passada.

Então, toda a dramaticidade que a primeira temporada antecipava vem com força total neste trágico final. Algo comparado às melhores tragédias gregas de tão grandiosa que é. E o impressionante de tudo isso é que nada parece over. Tudo parece estar no seu lugar, seja a crise de consciência e a depressão do sensível Jesse ou o modo agressivo de Skyler, e principalmente o pensamento frio de Walt ao tomar determinadas medidas para a continuação de seu empreendimento ou para se safar da polícia ou de outros inimigos. É também a temporada que mais dá espaço e força para os personagens Hank (Dean Norris) e Marie (Betsy Brandt).

Alguns dos momentos mais brilhantes, dramáticos, chocantes, emocionantes desta quinta temporada: a despedida de Mike (“shut the fuck up and let me die in peace”); o grande roubo de trem e o desfecho de cortar o coração; o tiroteio no deserto; o esfacelamento da parceria do trio; e a genialidade de Walt em dar um desfecho sem pontas soltas para sua vida e a dos envolvidos; entre tantos outros.

Mas o mais importante de tudo é o quanto essas situações vão mexendo com a gente por dentro a tal ponto de sentirmos uma angústia imensa. O criador Vince Gilligan até deixa algum espaço para lágrimas, mas o que mais fica mesmo em nossos corações é um peso enorme, que só se encerra com o fim de todos os males. E a certeza de que acabamos de ver algo magistral.

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