quarta-feira, agosto 06, 2014

REINO ANIMAL (Animal Kingdom)



A um dia da estreia nos cinemas brasileiros de THE ROVER – A CAÇADA (2014), eu me forço finalmente a escrever um pouco sobre o primeiro longa de ficção de David Michôd, REINO ANIMAL (2010), que só está ganhando maior repercussão agora, com a estreia do novo filme, com as boas críticas em festivais e com a declaração entusiasmada de Quentin Tarantino com relação ao trabalho desse novo diretor que tanto em comum tem com o seu cinema, como também com o dos filmes de gângster de Martin Scorsese.

Mas trata-se de um filme que tem uma pegada própria. Não exagera como Guy Ritchie, por exemplo. Michôd prefere o andamento lento, a estranheza. Pra começar, a primeira cena já é bem estranha, com o protagonista, o garoto J (James Frecheville), ligando com muita calma para a ambulância informando que sua mãe tinha acabado de morrer de overdose de heroína. Isso, sem nenhuma expressão de perturbação no rosto.

Seu abrigo, mas principalmente sua perdição, está em sua avó (Jackie Weaver) e seus filhos, todos envolvidos em situações criminosas e um deles procurado pela polícia. E é nesse novo mundo que J passará a viver. Chega até mesmo a levar a namorada para encontros com esses tios loucos e suas esposas/namoradas, mal sabendo ele o que poderia acontecer em pouco tempo.

REINO ANIMAL lembra também um filme de outro cineasta da nova geração, SHOTGUN STORIES, de Jeff Nichols. A diferença é que em REINO ANIMAL a guerra que ocasiona a morte de alguns desses irmãos (uma delas, surpreendente) não está relacionada a brigas entre famílias, mas entre eles e a polícia. O que até poderia diminuir o efeito "vingança" entre as partes, mas não chega a ser o caso, tendo em vista a ousadia desses irmãos em seguir desafiando a lei.

A conclusão da história de J com essa família até parece satisfatória, levando em consideração o que ele passou e o que perdeu. Logo, é um final, sim, amargo, mas que encerra de maneira perfeita esse filme tão pouco reconhecido e conhecido pelas audiências, coisa que deve mudar nos próximos anos.

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