segunda-feira, março 04, 2013
DEZESSEIS LUAS (Beautiful Creatures)
Por mais que se fale mal por aí de CREPÚSCULO, ainda tenho mais respeito pelo primeiro filme da série do que por esses subprodutos que seguem a linha "jovem normal que se apaixona por criatura com poderes sobrenaturais". DEZESSEIS LUAS (2013) é provavelmente o mais ordinário de todos, apesar de não ser tão ruim quanto o trailer dá a entender. Aliás, a melhor vantagem de o filme ter estreado é não ter que ver mais o trailer. Falo brincando, mas com toda a sinceridade do mundo. Principalmente ver a Emma Thompson, uma atriz com um passado tão glorioso, se submetendo a fazer uma bruxa malvada tão caricata. E aquela risada dublada, então! De dar calafrios.
Nesse sentido, sua personagem está mais para contos de fadas infantis do que para histórias de amor para adolescentes que simpatizam com a mitologia wicca. Não deixa de ter o seu lado positivo também, já que durante muitos anos aqueles (principalmente aquelas) que praticavam esses rituais eram até queimados em fogueiras, durante a Idade Média. Hoje, com a liberdade de exercer a sua religião e as suas crenças, tudo é permitido. Outro ponto positivo do filme também é de natureza sócio-cultural: o incentivo à leitura, ao apresentar uma personagem que lê Charles Bukowski, entre outras citações literárias. De qualquer maneira, ainda é muito pouco e o que importa é mesmo as qualidades do filme. No caso, a falta delas.
Assim, DEZESSEIS LUAS derrapa quando lida com o relacionamento amoroso do jovem casal de protagonistas e é pior ainda quando parte para a bruxaria, para a família de Lena Duchannes (a jovem Alice Englert, filha da cineasta Jane Campion). A atriz, inclusive, é bela e tem carisma. É possível que tenha uma carreira bem sucedida em Hollywood. Quanto ao rapaz, Alden Ehrenreich, que faz o personagem Ethan Wate, ele é simpático, pôde ser visto em TETRO e TWIXT, os últimos trabalhos de Francis Ford Coppola, mas talvez falte a ele maior charme. De qualquer maneira, não sou a melhor pessoa para julgá-lo nesse quesito. Que fique para as meninas a tarefa.
Na trama, Ethan é um rapaz que está perto de terminar o colegial. Mora numa pequena cidade da Carolina do Sul e costuma ser atormentado por sonhos em que aparece sempre uma garota que ele não conhece. Certo dia, uma nova garota chega na cidade e começa a estudar com ele, em sua sala de aula. Ela, Lena Duchannes, já é recebida com hostilidade pelos moradores do lugar e pelos alunos da escola. Sua família já havia ganhado fama de satanista.
O amor quase impossível entre Ethan e Lena acontece com as dificuldades que a família de Lena impõe e porque em breve ela passará por uma transformação, na qual se tornará uma bruxa que pode pender tanto para o lado bom quanto para o lado mau. Seu tio, vivido por Jeremy Irons, tenta levá-la para o caminho do bem da bruxaria, mas sua mãe (Emma Thompson), que a abandonou, pretende vê-la tão má quanto ela é.
Apesar de DEZESSEIS LUAS buscar no final tons de cinza, o que predomina ao longo do filme como um todo é o preto no branco, o bem e o mal, sempre presentes de forma bem simplista e aborrecida. É possível encarar com certo humor as cenas de bruxaria na casa de Lena, mas na grande maioria das vezes esses são os momentos mais fracos e tediosos do filme. Sem falar que toda essa história de magia acaba fazendo com que a trama possa tomar qualquer solução inesperada ou mirabolante. E vale dizer que as soluções encontradas pelas autoras do romance (duas pessoas deveriam pensar melhor do que uma, não?) e pelo roteirista não são das melhores.
O diretor Richard LaGravanese já havia se mostrado bem pouco talentoso em abordar histórias de amor com o fraco P.S. EU TE AMO (2007), mas há quem teça elogios para a história de professor ESCRITORES DA LIBERDADE (2007), este último lançado direto em DVD. Quanto a DEZESSEIS LUAS, com a decepcionante resposta do público americano ao filme nas bilheterias, é possível que não ganhe uma continuação.
Os romances pertencem a uma série chamada Caster Chronicles. Beautiful Creatures (2010) é o primeiro, seguido por Beautiful Darkness (2010), Beautiful Chaos (2011) e Beautiful Redemption (2012), que aqui no Brasil receberam os títulos de Dezesseis Luas, Dezessete Luas, Dezoito Luas e Dezenove Luas, respectivamente.
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