sábado, novembro 10, 2012
OS INFIÉIS (Les Infidèles)
Creio que a chegada de OS INFIÉIS (2012) aos cinemas brasileiros se deva principalmente à fama que o ator Jean Dujardin obteve com O ARTISTA (2011), vencedor do Oscar de melhor filme deste ano. Inclusive, é uma ótima chance de se conhecer o carisma do ator, longe das pantomimas do filme mudo que lhe deu reconhecimento internacional. Em OS INFIÉIS, ele e Gilles Lellouche são os protagonistas dos principais segmentos. E o filme já começa deixando feministas de cabeça quente, pois o primeiro segmento serve como prólogo e dá o tom de comédia cafajeste, além de passar a impressão de que todas as demais histórias seguirão aquela linha.
O filme foi dirigido por oito cineastas diferentes, que parecem impor a sua vontade e a sua marca a todos as histórias, ao mesmo tempo em que lhe dão até certa unidade, já que sabemos que esse tipo de produção - de várias histórias e com vários diretores - se caracteriza quase sempre pela irregularidade. Pode-se dizer que o único segmento que parece destoar dos demais é aquele em que a mulher pede para que o marido confesse sua infidelidade, jurando que não fará nenhum drama. No fim das contas, a história acaba carregando bastante nas tintas da dramaticidade, com uma discussão de relação um tanto pesada, principalmente levando em consideração os demais segmentos, todos mais próximos da comédia.
Entre uma e outra história maior, há pequenos esquetes bem engraçados, destaque para as esquetes do cachorro e a do hospital. Nas historinhas maiores, Jean Dujardin se destaca, seja fazendo o papel de cafajeste de ego inflado e que faz a festa em um mundo povoado por mulheres bonitas dispostas a fazer sexo; seja como um sujeito perdedor, como no episódio do hotel, um dos mais engraçados. Nesse episódio, suas tentativas de fazer sexo com quem seja ou mesmo de se masturbar são bem frustradas.
O amigo Gilles Lellouch também se destaca, especialmente no segmento "Lolita", no qual ele fica totalmente apaixonado por uma moça bem mais jovem que ele, mas que tem um ritmo naturalmente mais pronto a ir a festas com pessoas da sua idade para dançar, beber, beijar na boca de estranhos (ou estranhas) e coisas do tipo. É um dos episódios mais interessantes, com um andamento narrativo bem ancorado, uma jovem bonita e atraente e um registro misto de drama e comédia bastante competente.
OS INFIÉIS tem até bastante cenas de sexo e nudez, o que pode ser motivo para agradar a alguns, embora eu tenha percebido uma série de pessoas saindo no meio do filme, talvez por ter se deixado levar apenas pelo atraente cartaz e não estar acostumada com um tipo de humor que não seja o produzido em Hollywood. E provavelmente também por se tratar de uma noite de sexta e de um público menos acostumado a sessões alternativas.
E para quem acha que o filme é uma celebração masculina da poligamia, diria que, em tempos em que o politicamente correto se sobressai, essa figura do macho que tem direito de ser infiel é paulatinamente rechaçada, a ponto de reservar um último segmento que acaba por quase anular o que parecia ser uma festa da mentira e da infidelidade masculinas. Fica a impressão de que o filme não teve coragem de encarar as feministas. Mas será que essa chegou a ser uma intenção dos diretores e roteiristas em algum momento?
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