sábado, outubro 20, 2012

PUREZA PROIBIDA



O terceiro longa-metragem de Alfredo Sternheim, PUREZA PROIBIDA (1974), foi uma produção cheia de problemas nos bastidores. O próprio Sternheim não acha um absurdo acreditar que isso possa ter ocorrido porque o filme lida com o candomblé, ainda que tangenciando a trama principal, que é o relacionamento amoroso que cresce entre uma noviça recém-chegada a um convento (Rossana Ghessa) e um pescador negro (Zózimo Bulbul).

Os problemas principais nas filmagens começaram com uma crise renal do diretor, mas isso passou logo. O que veio em seguida foi o problema com a ex-mulher do diretor de fotografia, Ruy Santos. Ele estava em processo de separação com a mulher. E no meio das filmagens, ela comete suicídio. O terceiro acidente foi com Carlo Mossy, que interpreta um padre no filme. Ele sofreu um acidente de carro que o deixou imobilizado por três meses. Acabou sem filmar duas sequências que faltavam. Pelo jeito, tem cara de ser filme maldito, mas pode ter sido tudo coincidência.

Rossana, que era também produtora do filme, está radiante e linda. Sua personagem é adorável e sua pureza faz com que ela entre em conflito com os dogmas e a rigidez moral da Igreja. O andamento da narrativa foi bem acertado, com momentos de lirismo, especialmente quando o casal está junto. Até pensei que o filme seria algo mais erótico, mas até o pouco de nudez e sexo que o filme tem é muito discreto. Talvez pelo fato de a própria Rossana ser a produtora. Assim, ela que ditava as regras.

Pena que a cópia que eu consegui do filme é bem ruim, com o som tornando quase incompreensíveis as falas. Muitas vezes tinha que aumentar o volume e ficava aquele barulho desagradável. Isso acabou tirando um pouco o prazer de ver o filme. Infelizmente em se tratando de cinema brasileiro, a situação é assim. Isso quando temos sorte de conseguir as cópias que queremos.

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