domingo, maio 20, 2012

POSSUÍDAS PELO PECADO



Entre os poucos filmes de Jean Garrett que tenho em meu acervo, vi que ainda não tinha visto POSSUÍDAS PELO PECADO (1976), feito após AMADAS E VIOLENTADAS (1976), já comentado aqui no blog. É o menos brilhante entre os que eu vi do diretor, mas acho que deve ser porque já nivelei o trabalho do cineasta por cima, com o excelente A MULHER QUE INVENTOU O AMOR (1979). Ainda assim, POSSUÍDAS PELO PECADO tem todos os ingredientes que o tornam acima da média da produção da Boca do Lixo da época. É mais uma produção da Dacar de David Cardoso e conta com Helena Ramos, uma Nicole Puzzi bem novinha e o próprio Cardoso.

O filme já começa com um ótimo plano-sequência, mostrando uma festa regada a muito álcool, mulher pelada e libertinagem. Trata-se de mais uma das festas patrocinadas pelo velho empresário alcóolatra, rico e amargurado Dr. Leme (Benjamin Cattan). Ele costuma fazer essas festas para esquecer o fato de nunca ter tido um filho e, divorciado da esposa (Meiry Vieira), vive acompanhado das secretárias Jussara (Zilda Mayo) e Anita (Helena Ramos), e do chofer (David Cardoso). Na casa, há ainda a empregada Isaura e sua filha adolescente Dorinha (Nicole Puzzi). A trama principal, inicialmente, guarda semelhança com o estereótipo do film noir americano: a ex-esposa de Leme quer que o seu amante (Cardoso) arranje um jeito de matar o velho afogado na piscina, num dia em que ele estiver bêbado. Assim, ela ficaria rica e os dois se casariam.

Acontece que o chofer e amante hesita e ainda aparece pelo caminho Dorinha, a jovem apaixonada pelo rapaz e que não descansa até levá-lo para a cama. Entre os coadjuvantes, há Agnaldo Rayol no papel de um desenhista que eles conhecem num inferninho. Helena Ramos aparece como alcóolatra, sempre pedindo por uísque; e o velho Leme sempre a deixando em situação de humilhação. Foi ele que a viciou. Chega a ser até desagradável ver Helena Ramos em papel tão degradante, depois de vê-la tão bela em MULHER OBJETO, de Silvio de Abreu. Mas são ossos do ofício e a atriz desempenha até que bem o seu papel nesse show de horrores dirigido por Garrett, com a ajuda de seu bom companheiro de roteiro Ody Fraga.

O filme só peca em não trazer a dimensão trágica dos outros dois filmes citados de Garrett. O personagem de Cattan também não me agradou por ser histriônico demais. Isso pode até ser proposital, mas não deixa de ser um pouco irritante. No que se refere a sexo, o filme também não chega a ser excitante ou nada do tipo. A nudez e o sexo são mais mostrados como uma degradação moral. Exceto nas poucas e rápidas cenas envolvendo Cardoso e Puzzi.