segunda-feira, abril 30, 2012

ESPELHO, ESPELHO MEU (Mirror, Mirror)



Resolvi encarar este ESPELHO, ESPELHO MEU (2012) apenas para depois fazer uma comparação com BRANCA DE NEVE E O CAÇADOR, que será lançado em breve e que promete ao menos ser um pouco melhor. Mas nem é preciso muito esforço para ser melhor. Tarsem Singh nem teve a coragem de levar adiante as influências de Bollywood. Deixa a Branca de Neve dançando e cantando apenas nos créditos finais, quando todo mundo já está deixando a sala. Na verdade, fica a dúvida se foi Singh que não teve coragem ou se foi escolha dos produtores no corte final.

Se dá para fazer algum elogio sobre o filme é que ele não é de todo ruim. A garota que interpreta Branca de Neve (Lilly Collins) é uma graça. E é mesmo bela e parecida com a Branca de Neve do desenho animado da Disney. A rainha má, vivida por Julia Roberts, também tem a sua graça, já que o filme desde o começo assume sua intenção de ser cômico. Acontece que ser cômico é uma arte para poucos. E por mais que você esboce um sorriso em algum ou outro momento do filme, é difícil ser conquistado por seu humor.

Quanto ao colorido um tanto carnavalesco geralmente encontrado nas obras do diretor – vide o recente IMORTAIS (2011) -, desta vez ele não se mostrou tão inspirado. Nesse aspecto, um dos momentos de destaque é a interessante passagem da Rainha para uma espécie de outra dimensão, sempre que vai falar com o espelho, que acaba remetendo a outro filme de Singh (A CELA, 2000). Porém, o andamento do filme em si é enfadonho, o príncipe e os anões não têm graça e o que sobra talvez seja apenas a bonita fotografia, especialmente quando destaca os tons de amarelo do manto de Branca de Neve.

No fim das contas, esses dois filmes sobre a Branca de Neve só servem para entrar nas estatísticas de obras que Hollywood faz em duplas. Exemplos mais conhecidos: 1991: ROBIN HOOD - O PRÍNCIPE DOS LADRÕES, de Kevin Reynolds, e ROBIN HOOD – O HERÓI DOS LADRÕES, de John Irvin; 1997: O INFERNO DE DANTE, de Roger Donaldson, e VOLCANO, de Mick Jackson; 1998: FORMIGUINHAZ, da Dreamworks, e VIDA DE INSETO, da Pixar; 1998: ARMAGEDDON, de Michael Bay, e IMPACTO PROFUNDO, de Mimi Leder; e 2006: O ILUSIONISTA, de Neil Burger, e O GRANDE TRUQUE, de Christopher Nolan. Algum outro exemplo?