sábado, novembro 19, 2011
MEU PAÍS
As expectativas já eram baixas, mas não imaginei que a estreia de André Ristum na direção de longas-metragens de ficção fosse tão fraca. MEU PAÍS (2011) já começa de maneira bem frágil a partir de seu ponto de partida. Paulo José é o senhor que aparece doente no início do filme e cuja morte vai trazer de volta para o Brasil o filho mais velho, vivido por Rodrigo Santoro. Ele mora na Itália já faz alguns anos. Cauã Reymond é o filho mais novo e que mora no país. Inclusive, a composição desse personagem, em particular, já começa muito ruim, mostrando-o numa festa tomando champanhe na garrafa com uma moça bonita para contrastar com a situação do pai e o senso de responsabilidade profissional do irmão. Logo depois, veremos que ele também é viciado em jogo e tem dívidas enormes. Completando o quadro, há a meia-irmã vivida por Débora Falabella, que interpreta uma jovem com inteligência de uma criança de cinco anos, filha do pai com uma amante.
MEU PAÍS é uma prova de que não basta ter um bom time de atores se a direção e o roteiro não ajudam. Aliás, o roteiro, mesmo sendo fraco, com um bom diretor, poderia se tornar um grande filme. Em vez disso, temos que nos contentar com cenas constrangedoras, como aquela em que os credores do personagem de Cauã o ameaçam. Ou quando ele diz que sua irmã é retardada e se mostra insensível a ela. Por mais que esse tipo de comportamento possa ser até comum, a verossimilhança não é atingida. O filme parece sempre estar pedindo um esforço do espectador para que o aceite, apesar das falhas.
As cenas de Santoro falando em italiano com a sua namorada (a bela Anita Caprioli), por incrível que pareça, são as melhores. A jovem italiana empresta uma naturalidade que falta aos demais atores, mais famosos e mais presentes em cena. Inclusive o close em seu rosto na sua cena final é, de longe, o melhor momento do filme, ainda que não provoque a emoção provavelmente pretendida.
O filme foi rodado em Paulínia, cidade que possui um polo cinematográfico que tem feito um ótimo trabalho pelo cinema brasileiro ao trazer mais diversidade e quantidade de produções nacionais. MEU PAÍS, inclusive, ganhou os prêmios de diretor e ator (Rodrigo Santoro) no festival. Será que foi por falta de filmes melhores ou por que muita gente gostou mesmo? Pode ser reflexo de 2011, esse ano de vacas magras para o cinema brasileiro.
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