quinta-feira, agosto 11, 2011

OS SONHOS ERÓTICOS DE UMA MULHER INSACIÁVEL (Tutti i Colori del Buio / All the Colors of the Dark)



Sergio Martino, bem como a musa deste belíssimo filme, Edwige Fenech, voltaram a ganhar destaque nos últimos anos, graças a Eli Roth e seu O ALBERGUE – PARTE II, que trazia de volta a bela estrela, bem como fazia uma homenagem a uma obra de Martino, TORSO (1973). ALL THE COLORS OF THE DARK (1972), que aqui no Brasil ganhou o apelativo título de OS SONHOS ERÓTICOS DE UMA MULHER INSACIÁVEL, quando de seu lançamento nos cinemas em 1975, é um dos mais belos e intrigantes gialli já produzidos. Combina a beleza das cores vivas da caprichada direção de arte e fotografia em scope e o clima psicodélico e viajante, no qual a protagonista tem constantes sonhos e visões de um homem de olhos estranhamente azuis com uma faca na mão para matá-la.

ALL THE COLORS OF THE DARK (optemos pelo título internacional, que é mais famoso) é um exemplo de como o espírito da época, aliado a mentes criativas, pode criar uma obra tão singular. Não à toa, Tim Lucas, quando foi dar título à biografia de Mario Bava, escolheu justamente este título, embora não seja uma realização do mestre do horror italiano. Mas com certeza é uma obra devedora do estilo de Bava, e que bebeu em sua preciosa fonte.

A trama se inicia com um clima de paranoia da protagonista, mas cada vez mais o sobrenatural vai tomando conta. Edwige Fenech é Jane, uma jovem mulher perturbada que devido aos sonhos e visões recorrentes tem se sentido um estorvo para o marido (George Hilton), que dá a ela uma bebida azulada, que segundo ele lhe ajudaria no processo de cura. Ele não acredita em psicanalista, uma opção que a irmã de Jane tanto insiste. Ela chega a visitar o psicanalista, mas a sua vida muda mesmo quando ela conhece a sua vizinha, que lhe propõe uma solução muito mais radical, a magia negra.

Nota-se que ALL THE COLORS OF THE DARK é um giallo atípico, sem um assassino misterioso de luvas negras. O filme sai mais do suspense e entra direto no horror sobrenatural e também não destaca tanto a violência gráfica. O vermelho aparece bastante, mas poucas vezes é do sangue, mas nos móveis e nas roupas dos membros do culto satânico. Também o azul é uma cor bastante recorrente na paleta de cores, muito provavelmente para combinar com o azul dos olhos do assassino. A beleza plástica do filme é um aliado junto à beleza de Edwige e à sempre instigante trama e às soluções formais de Martino, simples mais inventivas.

Agradecimentos ao pesquisador e especialista em cinema de horror Carlos Primati, que fez a gentileza de pesquisar o título brasileiro do filme. Como se vê, o filme não tem nada de sonhos eróticos, nem muito menos uma mulher insaciável.

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