sexta-feira, agosto 12, 2011

ALMA EM SUPLÍCIO (Mildred Pierce)



Que me perdoem os fãs de Michael Curtiz e Joan Crawford, mas este ALMA EM SUPLÍCIO (1945) perde feio para a belíssima minissérie da HBO dirigida por Todd Haynes, MILDRED PIERCE. Talvez o problema esteja no fato de eu ter visto antes a minissérie, que possui por natureza um tempo maior para a construção e desenvolvimento dos personagens e do enredo, para só então conferir esta adaptação que carrega consigo o espírito dos anos 1940, mas que carece de emoção, por mais eficiente que sejam a direção de Curtiz e a atuação de Joan Crawford, que ganhou o Oscar por este papel.

A década de 40 é uma das mais curiosas do cinema americano. Impressionante como até cineastas que realizavam apenas melodramas e comédias se renderam e tiveram que adentrar no terreno do film noir, como foi o caso de George Cukor, por exemplo. Era o espírito da época, tempos sombrios. Por mais que em 1945 a Segunda Guerra Mundial já estivesse no fim, uma outra guerra, dessa vez de nervos, iria se estender por pelo menos mais umas três décadas.

ALMA EM SUPLÍCIO começa com um assassinato. Não vemos quem atira, mas vemos um homem levando algumas balas. Joan Crawford leva um homem para a casa onde aconteceu o crime, com o objetivo de incriminá-lo, mas seu plano não dá muito certo e ela acaba tendo que ir para a delegacia prestar esclarecimentos. É a partir daí que a história de sua vida, começando com a separação do marido, vai sendo contada em flashback, recurso muito utilizado pelo cinema hollywoodiano da época. É aí que vemos a sua luta para manter a família, composta por suas duas filhas, a volta por cima com a construção de um restaurante e o relacionamento com um esnobe playboy.

Tudo acontece muito rápido, como se a condensação do romance de James M. Cain fosse narrada em flashforward. Porém, novamente digo, essa impressão pode ser puramente por causa da minissérie de Haynes. Mas, de todo modo, nunca fui mesmo fã de Michael Curtiz. Um dia eu revejo CASABLANCA (1942), só para procurar entender o culto à obra. Por enquanto, meu favorito dele continua sendo ANJOS DE CARA SUJA (1938), mas aí é por causa do monstruoso talento de James Cagney.

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