quarta-feira, março 02, 2011

O GAROTO DE LIVERPOOL (Nowhere Boy)



Quem é fã dos Beatles e conhece um pouco da vida dos membros da banda, através de livros, revistas, documentários etc. sabe que a vida de John Lennon é, sem dúvida, a mais interessante dentre os membros da banda. Desde as primeiras composições dos Beatles, já se notava que as faixas escritas e cantadas por Lennon eram as mais cheias de tristeza, traumas e até complexos de inferioridade, ainda que no começo esses elementos aparecessem um pouco escondidos. Vendo hoje em dia, fica clara a diferença entre as composições dele e as de seu parceiro Paul McCartney, muito mais alegres e festivas. Os dois juntos faziam uma dupla perfeita, completavam-se. E não foi por acaso que os Beatles se tornaram a maior banda de rock de todos os tempos.

Lendo o livro "The Beatles - A Biografia", de Bob Spitz, fiquei sabendo detalhes não apenas da mocidade de John, como também de sua mãe, Julia, homenageada em pelo menos duas canções do cantor e compositor ("Julia" e "Mother"). E por mais que já saibamos as circunstâncias da relação entre John e sua mãe, de sua carência afetiva e posterior perda, é muito difícil não se emocionar com o modo como O GAROTO DE LIVERPOOL (2009) mostra isso. A diretora Sam Taylor-Wood foi feliz em focar o filme mais no drama de John, que cresceu sem saber direito porque morava com sua tia e não com um pai e uma mãe como qualquer outro garoto de sua idade.

Esse recorte, dos momentos anteriores ao contato mais próximo de Lennon com sua mãe até o momento em que John parte com seus futuros Beatles para Hamburgo, na Alemanha, torna o filme uma espécie de complemento de OS CINCO RAPAZES DE LIVERPOOL, que mostra justamente a relação de John com banda, particularmente com o seu então melhor amigo, Stuart Sutcliffe, que acabou deixando a banda e se dedicando às artes plásticas. Mas O GAROTO DE LIVERPOOL é muito mais emocional. Se o filme já estava indo muito bem até o segundo ato, há uma explosão de emoções nos momentos finais, sendo quase impossível não levar o espectador às lágrimas. A banda tocando "In spite of all the danger", tão carregada de dor, muito bem expressa na interpetação de Aaron Johnson, é o ápice da sensibilidade do filme. E como esquecer Kristin Scott Thomas no papel de sua tia Mimi? Sem dúvida, um pequeno grande filme. Saí do cinema emocionado e pensando no quanto seria legal se fizessem uma série ou minissérie bem caprichada sobre a história dos Beatles. Mas só se fosse muito boa mesmo.

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