quarta-feira, junho 09, 2010
COCO CHANEL & IGOR STRAVINSKY
Talvez, dentre os filmes exibidos no Festival Varilux 2010, COCO CHANEL & IGOR STRAVINSKY (2009) seja o mais prejudicado com essa escolha econômica e muitas vezes criminosa do suporte digital da Rain. A princípio, começa em formato letterbox (o filme é em scope), mas isso só dura até o final dos créditos iniciais. Depois, os lados da imagem são cortados. Mas isso pra mim incomoda menos do que a imagem escurecida e sem contraste, que piora ainda mais em superproduções que usam muitas imagens escuras. Tentando relevar esse fato - o que é difícil, pois demora um pouco para se acostumar a uma imagem que deveria ser veiculada de outra maneira, sem falar que com certeza, visto em casa, de um dvdrip, a qualidade seria muito melhor -, resta tentar aceitar e procurar gostar do filme daquele jeito mesmo.
Infelizmente eu já tenho um outro problema: das poucas superproduções de época francesas que vi, a única que lembro de ter gostado foi A RAINHA MARGOT. E isso foi lá nos anos 90. Tenho péssima lembrança de PIAF - UM HINO AO AMOR e até mesmo do relativamente elogiado drama de guerra DIAS DE GLÓRIA. Mas talvez isso seja bobagem de minha parte, acostumado que estou a produções mais modestas vindas da terra de Truffaut. Na verdade, o filme de Jan Kounen, do estiloso e violento DOBERMANN (1997), com Vincent Cassel e Monica Bellucci, até poderia tirar essa minha cisma, do mesmo modo que o ótimo FAÇA-ME FELIZ o fez em relação às comédias.
Que tal enumerar os demais problemas do filme? A começar pela atriz que faz a famosa estilista Coco Chanel (Anna Mouglalis). Deve ser bem melhor do que a chatonilda da Audrey Tatou, mas ainda assim ela faz uma personagem tão esnobe e despida de simpatia (ela dá um sorriso durante o filme em algum momento?) que só resta ao espectador a indiferença. Quase o mesmo pode ser dito de Mads Mikkelsen, que interpreta o compositor e pianista russo Igor Stravinsky. Parece que o cara ainda carrega a figura do vilão que fez em 007 - CASSINO ROYALE, de tão carrancudo que é. Não achei muito interessante ver o caso de um carrancudo com uma antipática. As cenas de sexo, então, são tão frias que chegam a causar bocejos.
Engraçado que, procurando alguma coisa sobre o relacionamento dos dois na biografia de ambos no wikipedia, em nenhuma parte os seus nomes são mencionados. E a bio de Stravinsky até que é grandinha. Quer dizer, se houve mesmo um relacionamento entre os dois, não significou muita coisa. O filme - e o livro no qual é baseado - é que tentam dar um viés mais importante a isso. Principalmente quando os mostram velhinhos caquéticos, como se a vida tivesse passado depois que eles se separaram e nada mais tivesse acontecido. O que eu imagino que seja apenas uma licença poética, com a finalidade de tornar a plateia sensibilizada e iludida. Pra mim, foi tudo em vão. Inclusive o meu tempo e o meu dinheiro gastos. Mas isso faz parte de quem arrisca em festival. O que não significa que COCO CHANEL & IGOR STRAVINSKY não vá agradar a outras pessoas, pelo que eu ouvi de comentários na sala de exibição de gente que já tinha visto o filme e gostado bastante.
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