sexta-feira, dezembro 04, 2009

POR TODA MINHA VIDA - RAUL SEIXAS























O dia da morte de Raul Seixas (em 21.08.1989) foi um desses dias bem memoráveis. Como o 11 de setembro de 2001 ou o Impeachment do Collor, por exemplo, eventos que todo mundo sabe onde estava quando o fato ocorreu. Lembro que estava passando uns dias na Serra do Ibiapaba, na aconchegante cidade de São Benedito, quando saiu a notícia de sua morte. Um sujeito fã do Raul passou o dia passeando pela cidade com uma caixa de som em cima do carro tocando suas canções. Raul é desses casos especiais. É bem recebido em botecos pobres e em locais chiques. Tem até quem não goste, mas não há como ficar indiferente ao som e às letras muitas vezes polêmicas de Raulzito e seus parceiros de composição, entre eles Paulo Coelho. Aliás, a melhor parte de "O Mago", a biografia de Paulo Coelho, é quando o livro fala de sua relação com Raul.

Exibido ontem à noite na Rede Globo, POR TODA MINHA VIDA - RAUL SEIXAS (2009) teve direção de João Jardim, o homem por trás do ótimo PRO DIA NASCER FELIZ (2005). Quem interpreta Raul no programa é Júlio Andrade, o ator de CÃO SEM DONO e HOTEL ATLÂNTICO. Ele realmente se parece com Raul. Há momentos que nem dá pra distinguir. Há um bom trabalho de fotografia que tenta recriar as imagens da época. Outro acerto no programa é a pouca utilização de cenas dramatizadas. Diferente, por exemplo, do que aconteceu com os especiais abordando as vidas de Elis Regina e Renato Russo. Isso evita algumas situações embaraçosas.

O problema é que o programa ficou muito superficial e apressado. Ficou parecendo aquelas matérias bem rasteiras do Globo Repórter. A Rede Globo utiliza um tipo de edição padrão que tira qualquer traço autoral. Houve alguns detalhes que eu não conhecia, como o emocionante momento dos fãs carregando o caixão de Raul em seu velório, cantando suas músicas. Destaque também para os depoimentos das filhas, ex-esposas, outros familiares e amigos. Deixaram o depoimento mais emocionante para o final, de uma das filhas do cantor. Como Marcelo Nova bem disse, Raul era um homem de excessos. E foi assim até o final da vida.

Lembro que a última vez que ele fez show aqui em Fortaleza, uma amiga que foi me contou que ele só conseguiu cantar umas três músicas, deixando o público nervoso e pronto para quebrar tudo ali. Como não estive lá e não lembro detalhes do que ela me contou, não sei dizer ao certo qual a dimensão do ocorrido. Mas pelo que vi no programa, esse quebra-quebra era comum em seus derradeiros shows, que ele fez ao lado de Marcelo Nova. Era triste vê-lo tão inchado e decadente. Lembro-me de vê-lo no programa do Faustão, cantando "Carpinteiro do Universo", e foi muito triste vê-lo naquele estado. Mas tudo e todos têm o seu fim e o fim raramente é bonito de se ver. Felizmente os créditos sobem com uma imagem divertida, de quando o carro de Raul foi arrastado por uma ressaca do mar no Rio de Janeiro e ele levou a situação na esportiva.

Quanto ao documentário sobre o cantor a ser exibido nos cinemas em 2010, já está pronto e chama-se RAUL - O INÍCIO, O FIM E O MEIO, com direção de Walter Carvalho e Evaldo Mocarzel.

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