terça-feira, janeiro 20, 2009

TITÃS NO PARQUE DO COCÓ - 17 DE JANEIRO DE 2009






















Nem estava muito animado para ir a esse show, mesmo sendo gratuito, já que pra mim, Titãs é banda decadente, ainda que tenha sido importante na minha vida e tal. Mas como minhas saídas aos sábados à noite têm sido cada vez menos constantes, resolvi variar um pouco e encarar o Titãs aleijado de três integrantes e sem disco de inéditas desde 2003, quando lançaram o fraco COMO ESTÃO VOCÊS?, o primeiro sem Nando Reis e com a atual formação deficitária. O fato é que Nando Reis estava mesmo com um estilo cada vez mais distanciado do restante da banda e até que ele demorou um bocado para deixar os colegas. Entre os integrantes remanescentes, os Titãs ainda se beneficiam do carisma de Paulo Miklos, da excelente performance na bateria de Charles Gavin (muito legal o solo de bateria de "Cabeça Dinossauro") e do talento de Sérgio Britto. Quanto a Branco Mello, nunca gostei muito dele e raramente ele canta uma faixa que me agrada, já que eles insistem em colocar a chatinha "Flores" no set list e Branco acabou pegando algumas faixas monótonas anteriormente cantadas pelo Arnaldo Antunes, como "Comida" e "O Pulso".

Acredito que a banda esteja em turnê pelo país para ajudar a divulgar o lançamento do documentário TITÃS - A VIDA ATÉ PARECE UMA FESTA, que entrou em cartaz em São Paulo e outras cidades no último dia 16, mas ainda não aportou em Fortaleza. Deve chegar em breve. E o documentário deve ser bacana, já que flagra a banda em momentos especiais, momentos em que os Titãs eram a grande banda de contestação do Brasil, além de outros de despedida e de dificuldades. Apesar de a banda ter uma carreira e uma discografia irregulares, não há como negar a importância de um disco como CABEÇA DINOSSAURO (1986), uma pedrada em tudo quanto é instituição: da igreja à família, da polícia ao governo. E é desse disco que surgem os melhores momentos do show, quando Sérgio Britto anima com "Polícia" e "AA UU" ou quando Miklos ataca com "Bichos Escrotos", além da já citada faixa-título.

Como já deve ter se tornado rotina para a banda, o show começa com a ótima "Diversão", uma das canções que melhor refletem a busca para se preencher o vazio existencial, através do sexo e do álcool. A canção ainda tem a sua força e continua empolgando e resistindo aos anos. E por falar em rock-porrada, acho que muita gente que estava lá não estava preparada para a parede sonora de guitarras que deixou todo mundo surdo ao fim do espetáculo - eu ainda acordei no domingo com o ouvindo zunindo. E mesmo gostando dos Titãs mais rock do que em suas versões acústicas, acredito que algumas canções, como "Epitáfio", por exemplo, seriam bem melhor aproveitadas sem a intervenção constante da guitarra pesada de Toni Belotto. A banda bem que podia ter amaciado o som e deixado a canção de Sérgio Britto fluir do jeito que era originalmente, com ênfase no teclado. Outra bola fora foi a versão de "O Portão", de Roberto e Erasmo, que ficou bem ruim na versão deles. Uma das covers mais "nada a ver" que eles já fizeram. Outra cover que não gostei foi de "Lourinha Bombril", dos Paralamas, canção que nunca me disse nada. Como, aliás, a maior parte do repertório dos Paralamas. Pra quase equilibrar um pouco a balança teve a cover de "Aluga-se", de Raul Seixas, que sempre anima.

Senti falta de faixas do TITANOMAQUIA (1993), o disco grunge dos Titãs, que parece que tem sido rejeitado pela própria banda. Talvez tanto quanto o maldito TUDO AO MESMO TEMPO AGORA (1991). Depois de terem dado tanta porrada, poderiam ter aproveitado o bis com faixas mais hardcore como "Será que é Isso o que Eu Necessito?" e "Nem Sempre se Pode ser Deus". Em vez disso resolveram encerrar com a cover de "É preciso saber viver", de Roberto e Erasmo, herança do início da fase careta da banda, com o ACÚSTICO MTV (1997). Mas o pior de tudo foi ter que aguentar uma bandinha sub-Jota Quest que abriu para os Titãs e que acabaram tocando mais tempo que a banda principal. A banda, uma tal de Soul Pop, só tocava as canções mais manjadas e conhecidas do mundo pop. Pura apelação para agradar as massas. Pra completar, eles ainda tocaram uma composição própria que era triste de tão ruim. E ficavam perguntando: "quem quer ouvir Titãs aí?" Ora, bolas!, se o povo está ali é porque quer ouvir, não?? E falando em discurso, não deixa de ser divertido o Paulo Miklos perguntando entusiasmadamente se o público estava pronto para muito rock and roll, se queria botar o lugar abaixo e tal, para, depois de vários "sim", soltar com ar brincalhão: "puxa, vocês estão punk hoje, hein?". Ficou parecendo o Silvio Santos. :)

Agradeço a companhia dos amigos Santiago, Ebenézer e Ariza. E a Natércia, que foi com quem originalmente eu tinha combinado de ir, e, por motivos de força maior, acabou não podendo comparecer ao show. Ah, e como não levei a máquina fotográfica, pesquei essa foto da internet mesmo. :(

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