terça-feira, junho 17, 2008

TRÊS DIAS DO CONDOR (Three Days of the Condor)



Em minha homenagem tardia a Sydney Pollack (1934-2008), aluguei nesse final de semana TRÊS DIAS DO CONDOR (1975), thriller que sempre aparecia em diversas listas como um dos mais interessantes filmes de espionagem já feitos, mas que talvez pela própria natureza "complicada" do gênero, eu sempre fui postergando a apreciação. Ainda bem que depois de Hitchcock, e de seu conceito de mcguffin, eu deixei de quebrar a cabeça com esses filmes. E felizmente, o dvd da Warner traz o filme em widescreeen (scope), com uma imagem belíssima, que dá a impressão de estarmos vendo um filme novinho em folha - o fato de o dvd ser de dupla camada e não possuir nenhum extra ajuda bastante. Nem parece que já se passaram mais de trinta anos de sua realização. Sem falar que o filme dialoga bastante com essa nova safra de filmes mais políticos que voltaram a ser realizados em Hollywood. Inclusive o astro do filme, Robert Redford, é bastante ligado a questões políticas, tendo estrelado recentemente o intimista e reflexivo LEÕES E CORDEIROS.

Na trama de TRÊS DIAS DO CONDOR, Robert Redford é um agente da CIA que que tem um trabalho bem interessante: ele lê. Lê livros de todo o mundo, seja romances ou livros técnicos, sondando possíveis ligações com ataques inimigos. Como nos anos 70 ainda imperava a Guerra Fria, os comunistas deviam ser os inimigos, embora isso não seja explicitado. Tudo no filme é meio nublado. TRÊS DIAS DO CONDOR pode ter sido uma inspiração para os livros que deram origem à trilogia Bourne, já que vemos um agente totalmente confuso com a situação. Não que ele esteja desmoriado, mas acontece que todos os seus colegas de trabalho foram mortos, assim que ele saiu para comprar comida. Na volta, ao tentar apoio dos chefões da CIA, ele passa a ser visto como ameaça e a ser atacado. O que ele tenta fazer na sua luta pela sobrevivência é fugir. E procurar um lugar seguro para colocar as idéias em ordem e descobrir o que está acontecendo. Desesperado, ele faz uma refém (Faye Dunaway) e conta a ela a verdade, mesmo sabendo que a mulher não tem a obrigação nenhuma de acreditar nele.

Um dos aspectos mais interessantes do filme é a forma como é mostrada a tecnologia de ponta utilizada na época, com aqueles computadores primitivos e sistemas de telefonia antiquados, comparados com os dias de hoje. Isso não deixa de ser um dos pontos mais interessante de TRÊS DIAS DO CONDOR, essa viagem ao passado. Sem falar que a década de 70 é uma das décadas em que o cinema americano produziu obras mais interessantes e adultas. No caso desse filme de Pollack, a questão do petróleo, muito antes de SYRIANA - A INDÚSTRIA DO PETRÓLEO, já estava sendo abordada. E com muita propriedade. Mas não adiantaria muito o filme ser "apenas" inteligente sem ter aquela tensão e aquele clima de filme de espionagem que prende a atenção do espectador, tanto nos momentos de calmaria, quanto nos momentos de tensão e principalmente na cenas de tiroteio. Definitivamente, um dos melhores trabalhos do legado de Pollack.

Este é o quarto de sete filmes que Robert Redford fez com Pollack. Os outros foram o excelente drama ESTA MULHER É PROIBIDA (1966), o western no gelo MAIS FORTE QUE A VINGANÇA (1972), o romance NOSSO AMOR DE ONTEM (1973), e os menos brilhantes O CAVALEIRO ELÉTRICO (1979), ENTRE DOIS AMORES (1985) e HAVANA (1990).

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