segunda-feira, dezembro 24, 2007

ROMEU E JULIETA (Romeo and Juliet)



Dando continuidade à série de peregrinações que faço, a partir da leitura de certos livros, chego hoje, véspera de Natal, a George Cukor, cineasta mais conhecido pela sua sensibilidade com o trato com os atores e por sua incrível capacidade de descobrir grandes atrizes. Foi ele quem trouxe a grande Katharine Hepburn para Hollywood. Antes deste ROMEU E JULIETA (1936), Hepburn já havia trabalhado com ele em três títulos: VÍTIMAS DO DIVÓRCIO (1932), QUATRO IRMÃS (1933) e VIVENDO EM DÚVIDA (1935). Infelizmente, todos inéditos em dvd no Brasil. É possível que eu os consiga por "meios alternativos", mas por enquanto, vou escrevendo sobre o que conseguir, tentando seguir, como sempre, uma ordem cronológica. Pena que a entrevista que ele deu a Peter Bogdanovich, presente no livro "Afinal, Quem Faz os Filmes" não é seguindo a ordem de realização dos filmes. A entrevista é mais um bate-papo descontraído, focando mais nos astros e estrelas que trabalharam com o diretor.

Seu ROMEU E JULIETA é bem tradicional e fiel ao texto original de William Shakespeare. E como a estória é uma das mais conhecidas do mundo não há muitas surpresas. Acredito que a principal surpresa do filme se deve à interpretação de John Barrymore, como Mercutio, o amigo de Romeu. Se Leslie Howard já me pareceu um pouco velho para o papel de Romeu, o que dizer de Barrymore? Se não me engano, nas outras adaptações da peça que vi para o cinema - a de Franco Zefirelli (1968) e a de Baz Lurmann (1996) - Mercutio não tinha traços efeminados e não era tão palhaço, mas é possível que minha memória esteja me enganando. E é possível também que Cukor tenha sido mais fiel à obra original que os outros dois cineastas. No papel de Julieta, a bela Norma Shearer. E ela é a alma do filme. Os melhores e mais emocionantes momentos dessa versão se devem à interpretação de Norma. Destaque para o momento em que ela chora pela morte de seu primo Teobaldo (Basil Rathbone), morto pela espada de Romeu, que vingava a morte de Mercutio. Ela chora de tristeza pelo primo, mas ao mesmo tempo, sente-se feliz por não ter sido Romeu o morto.

A estória é velha conhecida, mas refrescando a memória: ela se passa na ensolarada Verona. Lá vivem duas famílias rivais, os Capuleto e os Montague. Romeu, dos Montague, vai até uma festa organizada pelos Capuleto e lá conhece Julieta, filha do patriarca. É amor à primeira vista de ambas as partes. E ele é ousado o suficiente para ficar até o final e assediar a moça na janela de seu quarto. A empolgante meia-hora final compensa a verborragia do início (muito devido a Mercutio) e atesta a força atemporal da obra de Shakespeare. Mesmo sabendo da estória, impossível não torcer por um final feliz para os dois amantes. Não sei se um dia algum diretor ousou mudar o final dessa que é a mais conhecida das tragédias de Shakespeare. Provavelmente por sua maior simplicidade - não há como comparar com a complexidade de "Hamlet", por exemplo - e por seu romantismo exacerbado. Aliás, impressionante como Shakespeare era um autor completo, sendo ao mesmo tempo clássico e romântico.

Próximo provável Cukor: A DAMA DAS CAMÉLIAS (1936).

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