terça-feira, novembro 20, 2007
CRIMES DE AUTOR (Roman de Gare)
Com quase cinqüenta títulos nas costas, Claude Lelouch não desfruta do mesmo prestígio de alguns de seus colegas contemporâneos e conterrâneos. Mesmo assim, ganhou uma retrospectiva de oito filmes na última edição da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, tendo conquistado alguns fãs, como o Michel e a Alê, por exemplo. Como sou totalmente leigo no cinema de Lelouch - não vi nem mesmo o famoso UM HOMEM, UMA MULHER (1966)-, minha porta de entrada pelos seus filmes foi com o seu trabalho mais recente, CRIMES DE AUTOR (2007), que assisti em cópia digital no último domingo no Espaço Unibanco Dragão do Mar. A vantagem da instalação desse equipamento digital aqui na cidade é a possibilidade de ter filmes mais alternativos como esse estreando às vezes simultaneamente com o circuito paulista. Mas sem querer reclamar e já reclamando, achei que o filme ficou um pouco escuro nesse tipo de exibição. Mas tudo bem. Deu pra curtir assim mesmo, já que a trama é intrigante o suficiente para manter o espectador interessado até o final.
A primeira personagem de CRIMES DE AUTOR que conhecemos é a escritora de best-sellers Judith Ralitzer, interpretada por Fanny Ardant. Ela é uma das convidadas de um programa de entrevista. Logo em seguida ficamos sabendo que um perigoso assassino serial fugiu da prisão. Seu modus operandi é fazer sempre uma mágica, um truque, momentos antes de dar cabo de sua vítima. Dentro de um carro, numa noite chuvosa, um casal briga. Depois da briga, ele a abandona num posto de gasolina. Ela (Audrey Dana) fica desesperada e chorando e encontra um sujeito cabeçudo e suspeito, cujas descrições batem com a do assassino serial procurado pela polícia. Bom, pelo menos, ele fica fazendo truques de mágica na Loja de Conveniência. Ele oferece carona à ela. Ficamos esperando sempre o pior, mas um dos maiores méritos do filme é contrariar todas as nossas expectativas. Por isso, é bom ver CRIMES DE AUTOR sem saber ou ler nada sobre o filme.
Eu diria que o que eu menos gostei foi da segunda parte, onde a escritora interpretada por Fanny Ardant mais aparece. Não que eu não goste da atriz, longe disso, só acho que um vez que descobrimos quem realmente é o personagem de Dominique Pilon, o filme perde um pouco da graça, do mistério e do suspense. Sem falar que eu adorei a personagem de Audrey Dana, a tal moça abandonada pelo noivo no posto de gasolina. Pra mim, o melhor do filme está no meio, no momento em que o então misterioso Dominique Pilon se instala na casa da família de Audrey. E por mais que o final seja bem bolado, Pilon é feio demais para fazer par romântico com Audrey. Pra mim, isso quase estragou o que poderia ser um filme quase perfeito. Acho que eu não fui com a cara do ator, foi isso.
P.S.: Já está no ar a Zingu! de novembro, que conta como destaque o dossiê do crítico Paulo Perdigão - de quem nunca ouvi falar. Merece destaque um artigo do amigo e especialista em "western feijoada" Rodrigo Pereira, um dos autores do livro sobre Anthony Steffen. O artigo, dividido em duas partes, intitula-se "Faroestes Made in Brazil". Tem outras coisas legais na revista pra conferir. Mas o que eu mais recebi com alegria foi a sessão Musas Eternas, onde Matheus Trunk homenageia a adorável Denise Dumont. Ah, que saudade que eu tenho dos filmes em que ela aparecia. E até hoje não esqueci da câmera subjetiva de Khouri se aproximando de seu corpo nu em EROS, O DEUS DO AMOR. Valeu, Matheus!!
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