quinta-feira, outubro 11, 2007

EM BUSCA DA VIDA (Sanxia Haoren / Still Life)



Hoje não é sexta, mas é como se fosse. Vem aí um feriadão de quatro dias a começar de amanhã. Ueba! Viva as crianças! Viva Nossa Senhora Aparecida (é ela mesmo a homenageada?)! Viva o dia do securitário - dia de quem?! Melhor do que isso só no carnaval! Bom, e como é uma quase sexta, vou fazer como na semana passada e resgatar da minha já não tão boa memória um filme que eu vi já faz alguns meses.

Ganhei o divx de EM BUSCA DA VIDA (2006) de presente do meu amigo Marcos. O filme, inclusive, está agendado para passar nos cinemas daqui em breve e estou até pensando em rever. Com certeza, deve ser uma experiência muito melhor, já que o forte do filme é a beleza das imagens, o aspecto contemplativo, o uso do som e dos silêncios. Vale lembrar que o diretor, o chinês Jia Zhang Ke, ganhou uma mostra especial com seus filmes na edição deste ano da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.

Pra ser sincero, eu demorei a falar sobre EM BUSCA DA VIDA por não ter assimilado muito bem o filme, tanto por não entender bem as motivações dos personagens, quanto por não ter conhecimento da atual situação socio-econômica da China. E por mais que eu tenha gostado do andamento lento, dos belíssimos planos gerais, da beleza da paisagem natural, contrastando com a destruição dos prédios e com a miséria e a decadência do povo chinês, o fato de não ter me importado com os personagens contribuiu um pouco para que o filme não me conquistasse da maneira que gostaria. Achei interessante a mudança de cena, da história de um homem à procura de sua filha para a de uma mulher à procura de seu marido. O resultado não ficou muito uniforme, mas a força das imagens e da direção de Jia Zhang Ke compensam.

O filme é uma denúncia da falta de humanidade do governo chinês, que pouco se importa com a vida de milhares de pessoas que perdem seus lares. O que importa é construir prédios bonitos, pontes luminosas para posar de país moderno. As pessoas que se explodam. O que causa certo estranhamento é a utilização de cenas surreais e inesperadas como a de um prédio que vira um foguete. O filme foi feito de forma independente e sem ter que prestar contas ou fazer propaganda para o governo chinês. EM BUSCA DA VIDA mostra a conseqüência na vida de milhares de pessoas que moravam nas margens do Rio Yangtsé e que tiveram que sair de lá para a construção da barragem das Três Gargantas. Quem foi tocado pelo filme de forma especial foi o meu amigo Marcos Felipe, cuja cidade onde ele nasceu foi inundada para a construção de uma barragem.

P.S.: Saiu a lista dos filmes programados para o 6º Festival Varilux de Cinema Francês, que percorre 12 cidades brasileiras e, graças a Deus, Fortaleza está incluída. Os sete filmes selecionados foram: AO LADO DA PIANISTA, de Denis Dercourt; AS TESTEMUNHAS, de André Téchiné; LA NAISSANCE DES PIEUVRES, de Céline Sciamma; LA VÉRITÉ OU PRESQUE, de Sam Karmann; EM PARIS, de Christophe Honoré; A CULPA É DO FIDEL, de Julie Gravas; e LE BALLON ROUGE & CRIN BLANC, de Albert Lamorisse. O único nome conhecido pra mim é o de Téchiné, cineasta que ganhou um artigo interessantíssimo do Filipe Furtado na última edição da Paisà. Acredito que os outros filmes ainda ganharão títulos nacionais.

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