quarta-feira, julho 25, 2007

O HOSPEDEIRO (Gwoemul / The Host)



Ontem eu tive o prazer de ver o melhor filme do ano. Pelo menos até o momento. Fiz muito bem em resistir à tentação de ver O HOSPEDEIRO (2006) em divx, preferindo esperar pela exibição do filme nos cinemas locais. Há muito tempo não via um filme de monstro tão bom, tão prazeroso e tão belo. Imaginei que o filme tenderia mais para a comédia, mas nem mesmo a cena em que a família da garotinha chora copiosa e exageradamente a sua suposta morte eu achei engraçada. O HOSPEDEIRO, apesar de ter mesmo um senso de humor bem próprio foi encarado por mim como um drama sério sobre um monstro que apavora a Coréia do Sul. Há, claro, a forte e relevante crítica social, mas a força do filme está mesmo na aventura e no terror envolvendo a criatura. O tal monstro, aliás, é um primor de perfeição. Desde JURASSIC PARK que não fico tão encantado com uma criatura feita em computação gráfica.

E diferente de JURASSIC PARK e TUBARÃO, que demoram a mostrar seus "monstros", o filme de Bong Joon-ho já entrega o monstro nos primeiros dez minutos de filme e em plena luz do dia, para que possamos ver com detalhes o seu corpo, desenvolvido pela Weta, a empresa que fez os efeitos especiais de O SENHOR DOS ANÉIS. O HOSPEDEIRO foi a produção mais lucrativa da história do cinema sul-coreano e foi baseado num incidente real acontecido há alguns anos, quando bases americanas derramaram detritos químicos no rio Han. E no filme os americanos são tão criticados quanto o próprio governo da Coréia do Sul, que é mostrado como inventor de mentiras e ignorador dos apelos do povo. Há outras sutis críticas ao governo coreano.

Mas nada disso seria importante se a trama tão bem amarrada a partir do drama da família de losers não fosse tão crível e a busca pela garotinha não se tornasse uma prioridade até mesmo para nós, espectadores. O filme começa mostrando um cientista americano pedindo para seu subordinado coreano jogar dezenas de vidros contendo uma substância tóxica no rio Han. Segundo ele, o rio é muito grande e não vai ter nenhuma importância jogar um pouco de veneno nas águas. Anos depois, num quiosque de alimentação perto do rio o monstro ataca. A cena do primeiro ataque do monstro é de cair o queixo. Os personagens principais são os membros de uma família: um pai idoso, um filho abobalhado que cria uma filha pequena abandonada pela mãe, um rapaz desempregado e uma competidora de arco e flecha. Durante o ataque, a garotinha é levada pelo monstro e dada como morta. O filme ganha novo e dramático fôlego quando se descobre que a menina ainda está viva.

Fiquei tão encantado com o monstro, com a beleza plástica, com a excelência narrativa e com os personagens, que preciso ver mais filmes de Bong Joon-ho, a começar pelo também bastante elogiado MEMÓRIAS DE UM ASSASSINO (2003), já disponível em DVD pela Europa. É o cinema sul-coreano mais uma vez mostrando a sua força.

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