sexta-feira, maio 18, 2007
VÊNUS (Venus)
Shall I compare thee to a summer's day?
Thou art more lovely and more temperate:
Rough winds do shake the darling buds of May,
And summer's lease hath all too short a date:
Sometimes too hot the eye of heaven shines,
And often is his gold complexion dimm'd;
And every fair from fair sometimes declines,
By chance, or nature's changing course, untrimm'd;
But the eternal summer shall not fade,
Nor lose possession of that fair thou owest;
Nor shall Death brag thou wander'st in his shade,
When in eternal lines to time thou growest;
So long as men can breathe, or eyes can see,
So long lives this, and this gives life to thee.
Esse é um dos mais belos e famosos sonetos de William Shakespeare. Tive a oportunidade de estudar o Shakespeare poeta na faculdade, na cadeira de Literatura Inglesa (poesia), e eu aprendi que a grande obsessão de Shakespeare era a morte, a decadência do corpo, a perda da beleza jovial. Coincidência ou não, Shakespeare era taurino, um dos signos do zodíaco que não lida muito bem com a velhice. A maior parte dos sonetos de Shakespeare são tentativas de eternizar a beleza e a juventudade de suas amadas - ou da amada, já que pouco se conhece da vida do escritor.
Quem não assistiu VÊNUS (2006) e me vê iniciando esse post com um soneto tão especial do genial escritor até pode pensar que o filme merece tal homenagem. Mas só resolvi postar esse poema porque ele é citado integralmente por Peter O'Toole. E porque ele é maravilhoso e vai ajudar a embelezar e enobrecer esse espaço, ora. Quanto ao filme de Roger Michell, ele é bem chatinho, ficando anos-luz do prazer que é ver UM LUGAR CHAMADO NOTTING HILL (1999), que contava com o brilho todo especial do casal Hugh Grant e Julia Roberts.
Já em VÊNUS, o melhor que se tem é um Peter O'Toole de aspecto moribundo interpretando um sujeito às portas da morte em conseqüência de um câncer de próstata. Apesar desse grave problema, ele não desiste de sentir novamente o gostinho da paixão ou, pelo menos, o aroma de um pescoço feminino. Por mais que o filme tente a todo o instante evitar o sentimento de comiseração, essa tentativa acaba se tornando uma tarefa um tanto quanto difícil quando olhamos para a expressão acabada de O'Toole. A impressão que fica é que o filme se aproveita de sua condição "pé-na-cova" para benefício próprio. Mas acho que O'Toole fez mais ou menos como Clint Eastwood fez em MENINA DE OURO, isto é, ele tentou parecer ainda mais velho do que realmente é. Inclusive, olhando para a filmografia de O'Toole, dá pra notar que ele não para de trabalhar. Depois de VÊNUS, ele trabalhou em simplesmente mais sete filmes!
Jodie Whittaker, a jovem atriz que interpreta a "Venus" vai trabalhar em GOOD, o novo filme de Vicente Amorim, o diretor brasileiro de CAMINHO DAS NUVENS. O cinema está se tornando cada vez mais globalizado.
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