terça-feira, maio 15, 2007

UM CRIME DE MESTRE (Fracture)



Gregory Hoblit não chega a ser um grande diretor - provavelmente nunca será -, mas de vez em quando ele aparece com bons filmes, como foi o caso de POSSUÍDOS (1998), talvez o seu melhor trabalho. Seu novo filme, UM CRIME DE MESTRE (2007), é narrado com uma elegância admirável. Tudo bem que fica no ar uma certa picaretagem por parte dos produtores ao se aproveitarem de Anthony Hopkins, meio que trazendo de volta um pouco da sua interpretação de Hannibal Lecter. Mas o que importa é que o jeitão malvado e confiante de Hopkins se ajusta perfeitamente à trama do filme.

Na trama, Hopkins é um marido traído que planeja se vingar da esposa. Ela havia lhe colocado um par de chifres, estava tendo um caso com um detetive da polícia. Ele atira na mulher, a polícia chega na sua casa, ele confessa o crime e decide ele mesmo ser o seu próprio advogado. Enquanto isso, a mulher fica em estado de coma no hospital. Ryan Gosling - cada vez melhor - é o promotor, famoso por não ter perdido nenhum caso e por isso mesmo seu excesso de autoconfiança o transforma num sujeito vaidoso e descuidado. Ele acredita que o caso vai ser fácil, mas as coisas não se mostram nada simples. O personagem de Gosling é o de mais fácil identificação com o público. Ele é dotado de uma ética profissional que é posta em xeque em determinado momento do filme. Afinal, deve-se forjar provas com a finalidade de prender um assassino?

UM CRIME DE MESTRE lembra outro thriller de tribunal de Hoblit, AS DUAS FACES DE UM CRIME (1996), filme conhecido por revelar o talento de Edward Norton. Parece que A GUERRA DE HART (2002), que eu não vi, também tem uma cena-chave que se passa num tribunal. Pelo visto, o diretor é bastante interessado em Direito. Ou então, ele recorre ao tema como um porto seguro, já que um de seus primeiros sucessos foi o telefilme ROE VS WADE (1989), que abordava a questão do aborto nos Estados Unidos.

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