terça-feira, maio 08, 2007

ANTOINE E COLETTE (Antoine et Colette)



Dos episódios descrevendo as aventuras de Antoine Doinel, ANTOINE E COLETTE (1962) era o único que faltava eu assistir. Na época que passou nos cinemas daqui, juntamente com OS PIVETES (1957), eu não quis assistir por achar que dois curtas não valiam o preço do ingresso de um longa. Só agora, graças às maravilhas do mundo do divx, que eu tive a chance de ver essa pequena pérola. Além de muito bom, o filme é de fundamental importância para a existência de um dos meus títulos favoritos de todos os tempos - DOMICÍLIO CONJUGAL (1970), obviamente também é o filme que eu mais gosto de François Truffaut. Diferente do que ocorreu durante as filmagens de JULES E JIM (1962), bastante conturbadas para Truffaut, quando o cineasta estava filmando o sketch ANTOINE E COLETTE para o longa-metragem multinacional em segmentos O AMOR AOS VINTE ANOS, ele estava muito feliz e autoconfiante, já que JULES E JIM havia tido uma ótima repercussão de público e de crítica.

Uma das razões desse segmento existir se deve à vontade de Truffaut de resgatar Jean-Pierre Léaud do ostracismo. Depois de OS INCOMPREENDIDOS (1959), Léaud não havia conseguido nenhum outro papel de destaque no cinema e a chance de ele voltar como Antoine Doinel foi um verdadeiro presente para o ator. ANTOINE E COLETTE narra o primeiro interesse amoroso de Antoine. Durante um concerto de música, Antoine conhece Colette. No início os dois ficam apenas se olhando à distância, até que um dia ele cria coragem e vai falar com ela. Antoine fica tão interessado na menina que resolve se mudar para um apartamento de frente à casa dela. O problema é que não há reciprocidade da parte de Colette e ele acaba tendo que se contentar com uma paixão platônica.

Como, dentre os personagens de Truffaut, Antoine Doinel é o que mais se parece com o próprio diretor, é de se imaginar que, antes de ter um relacionamento mais carnal, Truffaut teve uma experiência marcante de amor platônico. Truffaut gostou tanto de ANTOINE E COLETTE que depois lamentou o fato de não tê-lo transformado num longa-metragem, coisa que ele faria com facilidade. Para compensar esse arrependimento, Truffaut faria anos depois o excelente BEIJOS PROIBIDOS (1968), ampliando em formato "comédia romântica" o que havia iniciado em ANTOINE E COLETTE.

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