segunda-feira, março 12, 2007

DREAMGIRLS - EM BUSCA DE UM SONHO (Dreamgirls)



O fim de semana, a exemplo do anterior, não foi dos melhores. Ainda estou resolvendo as pendengas geradas pelo acidente de carro do sábado anterior e isso acabou por consumir toda a tarde desse sábado. Pra piorar, acabei indo, sem nenhuma disposição física - conseqüência de uma crise sem fim de garganta - para a última festa "20 e Poucos Anos", no Recreio Clube de Campo. A principal atração, ao menos pra mim, era o show do Odair José - as outras atrações eram a cantora Rosana e o rei do brega Waldick Soriano. Como eu estava meio debilitado, até cogitei não ir ao show. Mas pra quê? A minha amiga falou que se eu não fosse, ninguém mais ia e fez todo aquele drama, típico da turma de escorpião. Desse modo, senti-me na obrigação de ir ao show pra que depois eu não sofresse nenhuma crise de consciência. Se era necessário que o meu corpo sofresse para que o espírito não se compadecesse, assim seria. Além do mais, ainda havia a esperança de eu melhorar de disposição, ao sair à noite, como algumas vezes já aconteceu. Infelizmente, dessa vez, meu corpo estava tão dolorido que nem se fosse o U2 se apresentando, eu ficaria bom.

O show do Odair foi um pouco morno. Ele aparentemente não gostou das roupas bregas que muita gente estava usando - havia um concurso de melhor traje brega -, talvez porque ele leva a sério de verdade o seu trabalho. Legal ver que tem muitos jovens admiradores do trabalho dele. Na famosa canção da pílula, aquilo ali parecia show de rock, com gente cantando "pare de tomar a pílula" bem alto e subindo nos ombros dos amigos. Mas pra mim, o melhor momento foi mesmo quando ele cantou "Cadê você?", uma das minhas preferidas dele. Pena que ela foi cantada num medley. Já o show da Rosana foi um negócio muito gay - não que haja algum problema com isso. Ela agora sobrevive fazendo shows em boates GLS e sua especialidade é disco music e afins. Eu não gostei e saí pra dar uma olhada nas outras áreas da festa, na parte rock. Mas nada me animava. Felizmente, as meninas resolveram ir embora, antes que o Waldick começasse a cantar. E antes que um baita toró caísse sobre a cidade.

No dia seguinte, eu estava "só o bagaço", mas ainda me esforcei para ir ao cinema. Se eu soubesse que o filme seria mais uma tortura psicológica, eu teria ficado em casa. DREAMGIRLS - EM BUSCA DE UM SONHO (2006), de Bill Condon, já está no topo da minha lista de filmes mais detestáveis do ano. E acho muito difícil aparecer outro filme para desbancá-lo. Alguém deveria ter me dito para levar algodões para os ouvidos. Cada vez que a personagem da Jennifer Hudson cantava (leia-se "gritava", ou "berrava") eu ficava me perguntando o que eu havia feito de tão errado pra merecer aquilo. Mas sou do tipo que vê o filme até o final, por mais que esteja detestando. Vai ver porque eu acredito na lei do Karma e acho que nenhum sofrimento é em vão.

Um dos principais problemas de DREAMGIRLS está nas canções, um arremedo da música produzida pelos artistas homenageados (Diana Ross e as Supremes, James Brown, e o som produzido pela produtora Motown). É mais ou menos o que o Cameron Crowe tentou fazer no seu QUASE FAMOSOS, ao tentar emular o som de bandas de rock setentistas, só que com um resultado muito pior. E isso se torna um problema em grande escala, quando a música ocupa cerca de 40% do filme. É só lá pela metade que DREAMGIRLS se transforma num daqueles musicais à moda antiga, com os atores cantando no meio da ação, substituindo diálogos falados por música. E é a partir dessa segunda metade que o filme fica mais parecido com as produções da Broadway.

A melhor coisa de DREAMGIRLS é, sem dúvida, Beyoncé Knowles. Com sua beleza, sua voz suave (principalmente se comparada com a da gritalhona concorrente do AMERICAN IDOL) e com sua elegância, Beyoncé fica acima de todo aquele lixo. Ao menos dessa vez, a Academia acertou em não premiar nenhuma das três canções do filme indicadas ao Oscar. Até mesmo o Eddie Murphy, que é um ator que eu respeito, não está tão bem assim no filme e nem tem o espaço suficiente para que possa mostrar o seu talento. Quanto ao Oscar de coadjuvante ganhado por Jennifer Hudson, vale lembrar que esse é um prêmio um pouco amaldiçoado. Muitas atrizes que ganharam esse prêmio acabaram afundando na carreira, ou às vezes caindo no esquecimento. Não estou torcendo contra a moça, só não pago mais pra ver nenhum filme que a traga cantando ou fazendo papel de vítima ou rejeitada. Não mesmo.

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