quinta-feira, setembro 15, 2005

DOIS FILMES COM LUCÉLIA SANTOS

Lucélia Santos é uma das atrizes brasileiras mais famosas do mundo. Isso, graças ao sucesso internacional da novela ESCRAVA ISAURA (1976), que até hoje é reprisada em vários países. No Brasil, ela esteve presente em vários filmes representativos dos anos 80. No mesmo ano de BONITINHA MAS ORDINÁRIA (1981), ela protagonizou outro filme baseado em Nelson Rodrigues, que foi ENGRAÇADINHA. No cinema, só tive a oportunidade de ver Lucélia em KUARUP (1989), de Ruy Guerra, filme que até hoje guardo com carinho na memória, graças à generosa galeria de celebridades brasileiras que aparecem peladas. O cinema brasileiro dos anos 70 e 80 foi um dos mais generosos nesse sentido e isso pode ser visto nesses dois filmes que eu revi recentemente, graças aos Intercines da Rede Globo.

BONITINHA MAS ORDINÁRIA (OU OTTO LARA REZENDE)

- "Negrooooo!!"

- "O mineiro só é solidário no câncer."

- "A única coisa que presta no mundo é o sexo...desde a punheta!! Hahahaha!"

- "Você é um ex-contínuo"
- "Eu sou um ex-contínuo e você é um filho da puta! Um filho da puta!!"

- "Me fode, Cadelão!"

Poucos filmes brasileiros têm momentos tão memoráveis quanto BONITINHA MAS ORDINÁRIA, de Braz Chediak. Claro que o principal mérito do filme está no texto de Nelson Rodrigues, sujeito que falava sobre a decadência da família e da sociedade brasileira como ninguém. Nesse filme, José Wilker é um empregado de uma empresa que é escolhido para se casar com a filha do dono, que, dizem, sofreu um pequeno acidente e perdeu a virgindade. Contaram pra ele que ela (Lucélia Santos) fora estuprada por cinco negões e a família queria abafar o caso, resolvendo arranjar logo um noivo para a moça. Como ele ia receber uma bolada com o negócio e andava numa liseira dos diabos, a proposta era interessante, apesar da humilhação de ser chamado de ex-contínuo e da insinuação de que ele era tão sem caráter quanto o Peixoto (Milton Moraes), o pau mandado do chefe. O problema é que Wilker é apaixonado pela vizinha (Vera Fischer), que é uma "coisinha". Realmente Vera estava no auge da beleza na época desse filme. Ela tinha protagonizado uma série de filmes de sucesso. Uma das cenas memoráveis do filme é uma que mostra Wilker levando Vera para uma caverna, tira a roupa dela e aparece um mendigo gritando "Eu quero também, eu quero também!"

Por falar em coisas memoráveis, até hoje não entendi a tal frase do mineiro, exaustivamente citada durante o filme. Mas quem liga pra isso? O importante é rever Lucélia Santos sendo currada pelos negões; ver suas falas mais constrangedoras; ver o quanto Vera Fischer era gostosa na juventude; rir com a cena do cara vendo pornô com as três irmãs (uma delas, a Cláudia Ohana) e sua velha mãe louca (Miriam Pires), enquanto masturba uma das meninas, falando que a única coisa que presta no mundo é o sexo; ver a miséria que eram os banheiros sem descarga; ver a cena da orgia e outros momentos de nudez gratuita. Comparando com outros filmes baseados em Nelson Rodrigues, continuo achando OS SETE GATINHOS, de Neville D'Almeida, imbatível. Bem mais trágico, chocante e apelativo. E no elenco de coadjuvantes, não podia faltar o velho Wilson Grey.

AS SETE VAMPIRAS

Se BONITINHA MAS ORDINÁRIA tinha um aspecto ainda de filme dos anos 70, AS SETE VAMPIRAS (1986) é puro anos 80, com direito a seqüência videoclipe de Leo Jaime, um dos principais representantes da new wave brazuca da época. São também a cara da década, aqueles penteados e aquela maquiagem horríveis. É uma típica comédia de horror de Ivan Cardoso, cheia de referências aos filmes preferidos do diretor e de R. F. Luchetti, que fez o roteiro do filme, como PSICOSE, de Alfred Hitchcock, e A PEQUENA LOJA DOS HORRORES, de Roger Corman. Juntando-se isso com os Dráculas da Hammer e os filmes dos Trapalhões, deu nessa divertida comédia, que também faz questão de mostrar mulher pelada, entre elas Simone Carvalho, uma das minha musas na infância. Vendo o filme nos dias de hoje, já não acho ela tão bonita. Na história, homem é atacado por uma planta carnívora. Segue-se, depois, uma série de assassinatos que parecem ataques de vampiros. O filme praticamente não tem protagonistas. É mais um desfile de carinhas conhecidas, brincando com suas próprias personas. Além de Nuno Leal Maia, Andréia Betrão, Lucélia Santos e Nicole Puzzi, AS SETE VAMPIRAS ainda tem a participação especial de Dedé Santana, Colé Santana, Tião Macalé, John Herbert, Zezé Macedo, Ivon Cury, Pedro Cardoso e Wilson Grey (o homem estava em todas).

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